Passou a Titanoboa? Novo fóssil pode pertencer à maior cobra da história
Analisando vértebras encontrados na Índia, cientistas estimam que a Vasuki indicus poderia chegar aos 15 m – o que a tornaria a maior cobra que já existiu.
Você provavelmente já deve ter ouvido falar na Titanoboa, a gigantesca cobra sul-americana que é considerada hoje a maior serpente que já existiu. Pois bem: seu reinado pode estar com os dias contados. Uma equipe de pesquisadores indianos encontrou vestígios de uma cobra pré-histórica que pode ter sido ainda maior.
A nova espécie foi batizada como Vasuki indicus, em homenagem a Vasuki, serpente da religião Hindu que, em representações artísticas, é vista enrolada no pescoço de Shiva. Ela viveu há aproximadamente 47 milhões de anos, durante o Eoceno. E, mais importante: as estimativas dos pesquisadores apontam que ela provavelmente media algo em torno de 11 a 15 metros de comprimento.
As descobertas foram publicadas na revista Scientific Reports, e foram feitas a partir da análise de pedaços de fósseis de vértebras que tinham entre 6 e 11 centímetros de tamanho. Anteriormente, os pesquisadores achavam que os fósseis pertenciam a alguma espécie de crocodilo antigo, devido ao grande tamanho das vértebras.
Assim, utilizando informações da medição das vértebras de serpentes atuais e comparando-as com o tamanho dos fósseis encontrados, a equipe tentou estimar tamanho total da V.indicus. A recordista até então, a Titanoboa (Titanoboa cerrejonensis), serpente que viveu na região onde hoje se encontra a Amazônia, chegava a 14 metros de comprimento.
Para se ter uma noção do tamanho desses animais, as sucuris gigantes atuais têm metade desse tamanho – chegam a, no máximo, sete metros de comprimento. Essa diferença de tamanho entre as cobras atuais e essas titãs pré-históricas pode estar relacionada à temperatura. Os pesquisadores estimam que o animal viveu em um ambiente em que a temperatura média era aproximadamente 28º C.
“O grande tamanho de Vasuki sugere que os trópicos eram comparativamente mais quentes do que são hoje. Isso ocorre porque estudos anteriores mostraram uma correlação entre o aumento da temperatura ambiente e o tamanho corporal de poiquilotérmicos (por exemplo, cobras). A temperatura desses animais varia de acordo com a do ambiente”, disse, em entrevista à Newsweek, Debajit Datta, paleontólogo do Instituto Indiano de Tecnologia Roorkee e coautor do estudo.
A pesquisa indica que a V. indicus pertence a um grupo de cobras conhecido como Madtsoiidae, uma antiga família de serpentes que surgiu bem no finalzinho do período Cretáceo, entre 100,5 milhões e 66 milhões de anos atrás. Esse grupo viveu em vários continentes, sendo encontrado na América do Sul, África, Índia, Austrália e sul da Europa.
De acordo com a pesquisa, esses animais se originaram na Índia, e chegaram ao norte da África pela Eurásia após a colisão do subcontinente Indiano com a Ásia, há aproximadamente 50 milhões de anos.
Por fim, os pesquisadores afirmam que ainda não é possível confirmar se a V.indicus era de fato maior que a Titanoboa. Isso porque as vértebras encontradas podem ter pertencido a um espécime pequeno.
“Nossos dados sugerem que Vasuki era apenas um pouco menor em comprimento que Titanoboa. No entanto, não podemos descartar totalmente a possibilidade de a Vasuki ser maior que a Titanoboa, porque as vértebras de nossa coleção podem não ter vindo do maior indivíduo. O mesmo vale, no entanto, para a Titanoboa”, conclui Datta.
A rinha de cobras gigantes, então, permanece sem uma vencedora óbvia.