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Peixe mais profundo já encontrado vive a 8 km da superfície

É verdade que, a primeira vista, a espécie não assusta tanto quanto seus primos abissais. Mas, do seu jeito, o P. swirei toca o terror no fundo dos oceanos

Por Guilherme Eler
Atualizado em 30 nov 2017, 18h29 - Publicado em 30 nov 2017, 17h58

O andar de baixo dos oceanos é tão inóspito quanto pode parecer. A luz quase não chega, a temperatura é de trincar os dentes, a pressão é insuportavelmente grande e, para ajudar, vive chovendo peixe podre do céu. Bem-vindo ao fundo das Fossas Marianas, no Oceano Pacífico lugar que poucos são ousados o suficiente para chamar de lar.

É o caso do Pseudoliparis swirei. Com seus quase 14 cm, ostentando um corpo transparente e sem escamas, o bicho leva uma vida tranquila 7.996 metros abaixo do que conhecemos como nível do mar. Foi a essa profundidade que a espécie apareceu pela primeira vez, ainda em 2014. Desde então, 37 indivíduos foram recolhidos e estudados. Relatos deste ano, inclusive, garantem que o peixinho dá as caras em pontos ainda mais profundos: uma equipe japonesa capturou, em agosto, um exemplar que estava a 8.178 metros.

Graças à análise de ovos extraídos das fêmeas, amostras de DNA e do esqueleto dos bichos, um grupo de pesquisadores americanos e ingleses descobriu que se tratava de uma nova variedade de peixe. Ela foi descrita de maneira oficial recentemente, com um estudo publicado no jornal Zootaxa. Seu nome de batismo faz referência a um ser vivo com espírito explorador tão grande quanto o do peixe: Herbert Swire, que completa a segunda parte do nome científico, é o mergulhador que descobriu a existência das Fossas Marianas, no fim do século 19.

Pelo menos na aparência, o peixinho não é tão estranho e intimidador como costumam ser os peixes abissais. Os pesquisadores, no entanto, garantem que ele é um predador voraz. Mesmo que a competição por aqueles lados deixe a desejar, dá para dizer que a espécie é um verdadeiro terror para seres marinhos menores — como pequenos mariscos e outros invertebrados.

“Eles se adaptaram para ir mais fundo que qualquer outro peixe, e viver em fendas muito profundas. É graças ao formato dessas trincheiras que eles conseguem prender boa quantidade de comida”, explicou Thomas Liney, autor do estudo, ao site Popular Mechanics. “Há vários invertebrados nessas áreas, e o P. swirei é seu principal predador. Os peixes que encontramos eram ativos e pareciam muito bem alimentados”. No vídeo abaixo, fornecido pela Universidade de Washington, é possível conferir a carinha de satisfação de alguns exemplaresenquanto nadam à vontade por sua moradia escura.

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Por mais que outras espécies já tenham sido avistadas ainda mais profundas (Abyssobrotula galathea, por exemplo, já foi recolhido a 8.372 metros no mar do Caribe), elas não sobreviveram ao translado, e chegaram mortas à superfície. Sendo assim, é possível cravar a nova espécie como o peixe mais profundo já encontrado — e que sobreviveu para contar história. Vá pela sombra, P. swirei. Sucesso nas caçadas.

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