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Pesca predatória

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h39 - Publicado em 26 Maio 2012, 22h00

Eduardo Szklarz

Erro – Retirar dos oceanos mais do que eles são capazes de dar e repor.

Quem – A indústria mundial da pesca.

Quando – A partir dos anos 50.

Consequências – Espécies à beira da extinção, desequilíbrio ecológico, colapso dos estoques pesqueiros e impacto socioeconômico sobre populações que dependem dos mares para sobreviver.

Os estoques pesqueiros mundiais estão entrando em colapso. Estima-se que a indústria pesqueira recolha dos mares a cada ano algo em torno de 30 milhões anuais de pescado para o consumo humano. Nesse ritmo, muitas espécies de alto valor comercial podem desaparecer. E tudo leva a crer que isso não deva demorar muito para acontecer. Os cientistas acreditam que, nos próximos 50 anos, a maioria das espécies hoje ameaçadas poderá estar extinta com consequências ambientais e econômicas bem difíceis de prever.

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A pesca começou a virar problema nos anos 50, com o desenvolvimento de equipamentos e técnicas que permitiram aos barcos localizar cardumes com mais precisão e capturá-los em maior quantidade. De lá para cá, a atividade pesqueira em escala industrial já provocou, nas contas da organização americana Save the Seas, uma redução superior a 90% nos estoques comerciais em todo o mundo. Segundo um relatório da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) divulgado no início de 2011, dos 23 estoques mundiais de atum, a maior parte (mais de 60%) já foi totalmente explorada, alguns estão superexplorados ou esgotados (35%), e só um pouco (cerca de 5%) parece estar subaproveitado. A situação de tubarões também é preocupante. Estima-se que a população mundial desses animais tenha sido reduzida a apenas 10% do que era no início da década de 1970. Mesmo assim, mais de 70 milhões de tubarões são capturados todo ano, principalmente para abastecer o mercado asiático de barbatanas.

O impacto ambiental da redução drástica na população de espécies já podem ser sentidos em vários lugares. Um exemplo que vem dos EUA: o sumiço de tubarões fez aumentar em 12 vezes a população de arraias. Desequilíbrios desse tipo geralmente provocam o colapso de outras populações, em um processo de perda de biodiversidade em cadeia.

Bacalhau é emprego

Mas há os efeitos socioeconômicos também. A indústria da pesca gera uma receita importante para muitos países mundo afora, como China, Peru, Chile, Japão e EUA. Estoques pesqueiros em crise, nesse caso, é economia em crise.

Outro exemplo, agora vindo dos países nórdicos: nos anos 90, quando os estoques de bacalhau do mar do Norte deram os primeiros sinais claros de exaustão, 40 mil trabalhadores perderam o emprego por lá e muitos não conseguiram voltar ao mercado de trabalho até hoje – pelo menos, na atividade pesqueira. Sem contar a ameaça que esse cenário global representa para as populações que há milênios dependem da saúde dos mares para se alimentar – da vila de pescadores no litoral da Bahia à população inteira da Indonésia, um país com 235 milhões de habitantes.

É possível reverter essa situação. A primeira coisa a fazer, inevitavelmente, é comer menos peixe – ou pelo menos evitar as espécies mais ameaçadas. A segunda é regulamentar a indústria da pesca, estabelecendo limites seguros para a exploração de cada estoque. E a terceira é fiscalizar o cumprimento das regras. “Quanto mais valorizado um pescado, maior é a pressão sobre ele”, lembra o engenheiro de pesca Fábio Hazin, diretor do departamento de pesca da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). “Portanto, mais eficientes precisam ser os mecanismos de fiscalização.”

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Para lá de urgente

Ainda que cada uma dessas ações seja imediatamente executada, os cientistas receiam que alguns dos estragos feitos até aqui jamais possam ser revertidos. Um estudo feito no Canadá com quase 100 espécies de peixe revelou, por exemplo, que populações de espécies marinhas reduzidas em mais de 60% podem nunca mais se recuperar. Segundo Jeffrey Hutchings, professor de Biologia da Universidade de Dalhousie e um dos responsáveis pela pesquisa, a recuperação das populações avaliadas foi acompanhada ao longo de 15 anos, em áreas onde a pesca industrial havia sido proibida. “Mesmo depois desse tempo todo, a população de algumas espécies não voltou a ser o que era antes”, afirma o pesquisador.

Você decide
O que dá para comer sem crise de consciência e o que deveria ser evitado

Espécies abundantes
Salmão
Robalo
Manjuba
Lula
Camarão-rosa

Estoques em declínio
Linguado
Sardinha
Anchova
Polvo
Mexilhão

Estoques críticos
Atum
Badejo
Lagostim
Lagosta

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Espécies em extinção
Mero
Badejo-tigre
Cação-viola

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