Pesquisa confirma que pterossauros tinham penas – e elas eram coloridas
Um fóssil encontrado no nordeste do Brasil revela a presença de penas e pigmentação nos répteis alados há 115 milhões de anos
Por muito tempo os paleontólogos acreditaram que os dinossauros eram cobertos por escamas, como os lagartos atuais – basta jogar “dinossauro” no Google e olhar as ilustrações produzidas há alguns anos. O mesmo vale para os pterossauros (que, diga-se de passagem, não eram dinossauros, e sim uma outra ordem de répteis).
Caso você não tenha acompanhado o noticiário jurássico nos últimos anos, saiba que hoje existem evidências de que alguns dinossauros eram cobertos por penas. Afinal, eles são ancestrais das aves atuais. Mas ainda havia poucos indícios fósseis que confirmassem que os pterossauros também tinham penas. Até agora.
Um fóssil brasileiro da espécie Tupandactylus imperator era o que os cientistas precisavam para bater o martelo. Ele foi encontrado na Bacia do Araripe, mas estava abrigado no Instituto Real de Ciências Naturais da Bélgica, para onde provavelmente foi traficado ilegalmente no passado. O fóssil foi repatriado em fevereiro; dois pesquisadores brasileiros fizeram parte da pesquisa.
A comunidade científica já concordava que os pterossauros provavelmente tinham estruturas semelhantes a penas, chamadas picnofibras. Mas o debate ainda não estava encerrado. “Por décadas os paleontólogos discutiram sobre se os pterossauros tinham penas. Esse espécime encerra o debate, já que ele claramente tem penas por todo o corpo, como as aves de hoje”, disse a pesquisadora Aude Cincotta, da University College Cork, que participou do estudo publicado no periódico Nature.
O fóssil do crânio e crista do animal mostra a presença de penas há 115 milhões de anos. O espécime brasileiro têm estruturas características das penas de aves: um filamento principal de onde saem pequenas fibras mais finas. Esse tipo de estrutura ainda não tinha sido encontrada em pterossauros.
Se tanto os pterossauros quanto os dinossauros tinham penas, é provável que elas tenham sido herdadas de um ancestral comum entre os dois. Mas os pesquisadores também pontuam que é possível que as estruturas tenham surgido de forma independente nos dois grupos de animais.
E os pterossauros não só tinham penas como elas também eram coloridas. Usando microscópios eletrônicos, os pesquisadores observaram pequenas estruturas no tecido mole do animal. Eles acreditam que essas estruturas sejam melanossomos, organelas que armazenam melanina e são responsáveis pelas diferentes cores nos animais.
Os melanossomos observados têm diferentes tamanhos e formatos, o que leva os cientistas a crer que o pterossauro tinha uma variedade de cores ao longo da plumagem. Esse arco-íris de penas poderia servir, por exemplo, para chamar a atenção nos rituais de acasalamento, como ocorre hoje com as aves.