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Pombos passam conhecimento de geração para geração

Pássaros conseguem aperfeiçoar rotas de voo em grupo e transmitir essa informação para os filhos, uma capacidade antes considerada exclusiva do ser humano

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
19 abr 2017, 18h22

Os pombos já dominam as cidades. E agora, pelo jeito, querem dominar o mundo. Pesquisadores da Universidade de Oxford descobriram que os pássaros amantes de migalhas de pão francês estão entre os únicos seres vivos além do ser humano que têm um tipo primitivo de cultura – e são capazes de transmitir esse conhecimento coletivo para as próximas gerações.

“Primitiva” porque o conhecimento em questão não é uma técnica de pintura ou qualquer outra habilidade associada à definição de cultura no senso comum, e sim algo mais prático: rotas de voo.

Para provar o talento dos pássaros, os professores de zoologia Takao Sasaki and Dora Biro começaram ensinando um caminho específico a dez pombos-correio. Depois, aos poucos, substituíram os espécimes já treinados por outros, que não sabiam de nada. Não deu outra: os veteranos ensinaram o caminho aos novatos.

Quando ocorreu a décima substituição – e mais nenhum pombo do lote original estava lá para dar aula – os novatos mais antigos assumiram o comando e passaram a ensinar. Com o tempo, e de forma coletiva, os animais também começaram a aperfeiçoar a rota para torná-la mais econômica e objetiva.

Pombos solitários, usados para testes de controle, não conseguiram alcançar a mesma eficiência. Grupos de pombos que não receberam novos membros com frequência também ficaram estagnados. As informações estão disponíveis no artigo científico.

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“Antes os cientistas pensavam que só os humanos tinham a capacidade cognitiva de acumular conhecimento social”, afirmou Sasaki. “Nosso estudo mostra que os pombos compartilham essa habilidade com o ser humano, pelo menos no sentido de que eles são capazes de melhorar uma solução progressivamente ao longo do tempo. O que não dá para afirmar é que eles alcançam esses objetivos pelos mesmos processos que nós.”

Em outras palavras, o aumento de eficiência na execução de uma tarefa não significa que houve, necessariamente, um aumento na complexidade dela – uma característica fácil de verificar no ser humano, que foi da roda ao avião em alguns milhares de anos. Seja como for, o feito dos pombos continua interessante – e saber que os animais são capazes de compartilhar experiências em grupos pode mudar a maneira como a biologia enxerga certos fenômenos.

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