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Por que, afinal, estalar os dedos faz barulho?

Cientistas canadenses acham que o ruído ocorre no momento em que bolhas são formadas nas articulações. E franceses, quando elas estouram. Entenda a polêmica mais divertida do esqueleto humano.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
29 mar 2018, 13h26

A ciência nunca soube exatamente por que as articulações dos dedos estalam.

Tudo bem, em linhas gerais, o processo é conhecido: há uma cavidade no ponto em que dois ossos quaisquer se encontram. E essa cavidade é preenchida por uma substância viscosa, o líquido sinovial. Quando você faz algum movimento brusco – como dobrar os dedos das mãos para trás – você aumenta o espaço livre dentro da junta, mas a quantidade de líquido sinovial continua igual. E aí surge uma bolha.

A questão é: o barulho que a gente ouve é produzido quando a bolha é formada ou quando a bolha estoura?

Não é a primeira vez que alguém tenta resolver de vez essa questão. Em 2015, médicos da Universidade de Alberta, no Canadá, já haviam pedido para voluntários estalarem os dedos dentro de uma máquina de ressonância magnética. E concluíram depois de análises cuidadosas que o ruído é culpa da formação das bolhas, e não do estouro. O mistério parecia resolvido.

 

Mas nem todo mundo ficou satisfeito. Vineeth Suja, ex-aluno da École polytechnique de Palaiseau, na França, percebeu que o vídeo feito a partir da ressonância não tem frames por segundo suficientes para captar cada nuance da formação das bolhas. E como ainda não inventaram um jeito de filmar o interior do corpo humano com câmeras de alta velocidade, a solução era criar um modelo teórico do momento do estalo. Simular o fenômeno usando números, em vez de observá-lo na prática.

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Parecia só um exercício de chatice profissional, mas não é que deu em alguma coisa? O professor de biomecânica Abdul Barakat colocou sua equipe para comparar gravações de estalos reais com a assinatura sonora que seria esperada do estouro da bolha segundo o modelo matemático. E elas bateram perfeitamente. Por outro lado, a formação da bolha não gera um som alto suficiente, nem com características similares.

Bingo: o vídeo feito pelos canadenses não contava toda a história. Mas eles não se renderam. Ao The Guardian, um integrante da equipe de 2015 afirmou que sem dúvida é muito interessante saber que a ressonância não dá conta do recado. Mas que modelos matemáticos também não são garantia de nada se suas previsões não baterem com a realidade em experimentos posteriores. Moral da história? Conhecemos galáxias a milhões de anos-luz daqui. Mas os estalos de nossos dedos ainda serão polêmicos por um tempinho.

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