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Primeira missão chinesa a Marte decola com sucesso

Na próxima semana, Estados Unidos também lançarão sua missão ao planeta vermelho, inaugurando uma nova fase da corrida astronômica.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 24 jul 2020, 14h56 - Publicado em 23 jul 2020, 20h48

O governo da China anunciou, nesta quinta-feira (23), que o lançamento de sua primeira missão especial a Marte foi bem sucedido. A nave Tianwen-1 está, agora, a caminho do Planeta Vermelho, e, se tudo der certo, entrará em sua órbita em fevereiro de 2021. O pouso em solo marciano é esperado para maio, quando a nave começará a explorar a superfície sul do planeta vizinho.

O lançamento partiu do Centro da Lançamentos Espaciais de Wenchang na província de Hainan, no sul da China. A missão é considera ambiciosa, porque contém um orbitador (nave que fica flutuando na órbita do planeta), um aterrissador (nave que pousa em um ponto fixo da superfície do planeta) e um jipe robô (ou rover), que se move pela região coletando dados – como o Curiosity, da Nasa, que está explorando o planeta nesse momento. Apesar de outras missões já terem chegado a Marte, nenhuma continha os três equipamentos juntos.

Muitos detalhes sobre a missão têm sido mantidos em sigilo pelo governo chinês, especialmente quanto ao orçamento e as etapas anteriores ao lançamento – o que gerou uma certa expectativa da comunidade astronômica internacional. Em 2011, a China já havia tentado enviar um orbitador a Marte através de uma espaçonave russa, mas a missão falhou.

Agora, a China entra com tudo na nova corrida espacial para estudar o Planeta Vermelho. Não poderia haver época melhor: há apenas uma semana, os Emirados Árabes Unidos também lançaram sua primeira missão espacial para Marte. E o próximo voo dos Estados Unidos, que até agora dominavam esse campo com exclusividade, está prevista para o dia 30 deste mês. Todas essas missões devem chegar à órbita de Marte mais ou menos na mesma época: começo de 2021.

Elas foram lançadas em tempos similares porque, entre julho e agosto de 2020, estamos vivendo um período chamado “janela de lançamento” em que os planetas ficam separados por uma distância mínima (“apenas” 55 milhões de quilômetros) e as condições são as melhores possíveis para as missões. Não à toa, essa concorrência pelo planeta vermelho vem sendo vista como uma nova espécie de corrida espacial entre potências mundiais.

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Os Estados Unidos já lançaram diversas sondas e obirtadores a Marte, incluindo dois robôs móveis, o Curiosity e o InSight. Agora, o veículo Perseverance tem uma missão especial: ele vai analisar as rochas do planeta para procurar indícios de vida microbiana no passado ou no presente.

Já a Tianwen-1 possui, ao todo, treze instrumentos científicos que irão coletar dados sobre geologia local e explorar a distribuição de rochas, poeira e gelo que há por ali. Além disso, a missão chinesa deve estudar a influência dos campos magnéticos e gravitacionais de Marte. O veículo robô deve explorar a Utopia Planitia, uma enorme planície no sul de Marte que também foi local de pouso da sonda americana Viking 2 em 1976.

Se tudo der certo, a China será o segundo país a pousar um veículo espacial na superfície de Marte, atrás apenas dos Estados Unidos. O planeta vermelho já é algum tempo um dos focos da astronomia internacional, assim como foi a Lua no período da Guerra Fria. Na época, EUA e União Soviética disputavam uma corrida espacial para provar qual tinha uma ciência mais avançada. Com a queda soviética, a China começou lentamente a despontar como uma das potências espaciais, com investimentos milionários na área por parte do governo comunista.

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Uma missão bem-sucedida para Marte colocaria a China no topo da lista de candidatos a atingir um dos marcos mais ambiciosos do ramo: ser o primeiro a enviar uma missão tripulada por humanos para nosso vizinho vermelho. De qualquer forma, seja EUA ou China, isso provavelmente vai demorar: nenhum país quer ser o primeiro a ter um astronauta morto no processo, então é preciso desenvolver e muito as tecnologias atuais antes.

Embora seja inegável o fundo político entre as missões internacionais, a equipe chinesa decidiu se afastar do discurso competitivo e assumir uma postura mais amigável. Como reportou o jornal chinês Global Times, Liu Tongjie, porta-voz da Tianwen-1, disse que esperam que as missões dos Estados Unidos e dos Emirados Árabes Unidos também sejam bem sucedidas e que todos os países tem o mesmo objetivo comum. A missão chinesa também fez questão de destacar que o lançamento só foi possível através da colaboração internacional com países europeus e, quem diria, com a Argentina. Os hermanos agradecem.

 

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