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Som bizarro vindo do fundo do mar é explicado após 10 anos; ouça

Cantoria de baleias na Fossa das Marianas intrigou pesquisadores por uma década, mas as autoras foram finalmente reveladas.

Por Manuela Mourão
22 set 2024, 19h00
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  • Visão aérea de uma Baleia-de-Bryde nadando em oceano.
     (Suriyapong Thongsawang / Getty Images/Reprodução)

    Quem já brincou de marco-polo em uma piscina sabe exatamente como o jogo funciona: o primeiro jogador, de olhos fechados, grita marco, e os demais respondem polo para que ele se localize às cegas. Bem, um som bizarro que vinha das profundezas da Fossa das Marianas e que deixou os cientistas confusos por dez anos vinha de uma brincadeira de marco-polo – mas entre baleias. 

    Apelidado de “biotwang”, o barulho vinha do fundo da fossa oceânica mais profunda do mundo, que se estende por 10.935 metros e fica localizada perto do Japão. Os sons eram causados por baleias-de-Bryde (Balaenoptera edeni), que os usavam possivelmente para localizar umas às outras.

    Os sons foram escutados pela primeira vez em 2014, quando cientistas usaram planadores subaquáticos para realizar uma pesquisa nas Marianas. 

    O ruído foi classificado em duas partes: primeiro um chamado baixo e grosso que ecoava nas profundezas, e segundo um zumbido agudo que pesquisadores chegaram a comparar com os efeitos sonoros de naves espaciais de filmes de sci-fi. Ouça:

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    De início, quando o som foi catalogado, cientistas ficaram atordoados e até mesmo um pouco confusos sobre quem seria o dono da voz. Os levantamentos sugeriam que a cantoria seria obra de baleias de grandes barbatanas, como as baleias azuis e jubartes – porém o chamado não se igualava a nenhum outro já registrado. 

    A primeira desconfiança que as Brydes estariam por trás do biotwang veio quando os pesquisadores avistaram um grupo de dez indivíduos perto das Ilhas Marianas, e nove delas faziam o som. 

    “Uma vez, é coincidência. Duas vezes, é circunstância. Mas nove vezes, é definitivamente uma baleia de Bryde,” disse o oceanógrafo do Centro de Ciências Pesqueiras das Ilhas do Pacífico e autor principal do estudo, Ann Allen, para a Scientific American. 

    Para que pudessem concluir que de fato esse grupo de baleias eram as responsáveis pelos cantos, a equipe de pesquisadores foi atrás de anos de áudios gravados por times de monitoramento do Arquipélago das Marianas, tentando combinar os sons aos padrões de migração da espécie.

    Os resultados foram publicados na última quarta-feira (18), na revista Frontiers in Marine Science. A metodologia ressalta que grande parte do  estudo foi feito com ajuda de inteligência artificial, que analisou as mais de 200 mil horas de áudios disponibilizados pelas estações. 

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    Finalmente, cientistas concluíram que as cantoras eram mesmo as baleias-de-Bryde, mas revelaram que o biotwang era exclusivo do grupo encontrado nas Marianas. 

    Nos áudios, foi possível observar que o som só era ouvido no noroeste do oceano pacífico, mesmo que a deslocação da espécie envolva uma área muito maior. Além disso, os fenômenos climáticos aparentam ter um efeito direto no nível de conversação. Em 2016, com a chegada do El Niño e o aquecimento da temperatura das águas, mais animais da espécie visitaram o arquipélago e, consequentemente, mais barulhos foram ouvidos nos áudios desse período.

    Para os pesquisadores, os barulhos são usados como forma de geolocalização. Para a Popular Science, Allen disse: “É possível que elas usem o biotwang como um chamado de contato, como um jogo de ‘marco-polo’ dos oceanos, mas é necessário mais informações para ter certeza”. 

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