Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Teletransporte

Partículas de luz e até átomos inteiros já foram transmitidos de um local para outro. Será que pessoas são os próximos da fila?

Por Salvador Nogueira
Atualizado em 31 out 2016, 18h47 - Publicado em 18 fev 2011, 22h00

O teletransporte, hoje, é uma realidade. Pelo menos se você for uma partícula. Vá lá, pode até ser um átomo gordão que rola. Mas, se você é uma pessoa, é bem possível que jamais seja transportado instantaneamente, à la capitão Kirk.

Claro, há razão para otimismo. Até outro dia, não falaríamos sequer de teletransportar partículas. E, quando o fenômeno que hoje é usado para realizar essa “magia quântica” foi descrito pela primeira vez, lá pela primeira metade do século passado, foi visto com ceticismo pelas maiores mentes. Albert Einstein chamou o negócio de “ação fantasmagórica à distância”, só para tirar um sarro da ideia.

Mas, em 1997, um grupo de cientistas do Instituto de Innsbruck, na Suíça, demonstrou que o fenômeno quântico conhecido como “entrelaçamento”, em que duas partículas podem ter seus destinos ligados, é real. E foi por meio dele que a equipe realizou o experimento que ficou conhecido como “Beam me up, Scotty” (“Leve-me para cima, Scotty”), expressão corriqueiramente usada na série de TV Jornada nas Estrelas quando alguém requisitava ser teletransportado de volta à espaçonave. Usando o entrelaçamento, eles conseguiram teletransportar um fóton – uma partícula de luz. De lá para cá, muitos experimentos em várias partes do mundo foram conduzidos, demonstrando a efetividade da técnica para teletransporte quântico. Já fizeram com feixes inteiros de fótons, já fizeram com um próton (primeira partícula com massa, que “mora” no núcleo dos átomos), e o último feito, realizado no fim do ano passado, envolveu um átomo dos pesadões.

Faustão atômico

O glorioso átomo a ser teletransportado foi o itérbio (com nada menos que 70 prótons em seu núcleo). Mas a distância entre transportar um átomo gordão e um ser humano é gigantesca. E a razão para isso é que objetos grandes, embora compostos de partículas, comportam-se de forma diferente, seguindo as regras da chamada física clássica.

Continua após a publicidade

“O teletransporte quântico ocorre quando dois estados entrelaçados de duas partículas estão altamente correlacionados, de modo que é possível usar a interação com uma partícula para afetar a outra”, explica o físico Lawrence Krauss, da Universidade Estadual do Arizona. “Mas essa correlação quântica é muito frágil. É por isso que pessoas e outros objetos macroscópicos agem de forma clássica, e não como na mecânica quântica.” Em outras palavras, seria necessário medir os estados de todas as partículas que formam uma cadeira – ou uma pessoa – e conseguir que não haja nenhuma perturbação nessa quantidade astronômica de estados quânticos.

Por isso, os cientistas consideram, pelo menos por ora, muito improvável que o avanço das pesquisas culmine com o teletransporte de objetos de grande porte. Mas podemos fazer um exercício de imaginação e pensar que um dia chegaremos lá. Aí, caberá a pergunta: o teletransporte quântico é realmente transporte ou é a destruição de um objeto e a reconstrução de uma réplica em outro lugar?

É importante notar que, com as técnicas usadas hoje, apenas as informações contidas em cada partícula são transportadas. Ou seja, para transportar um átomo de itérbio, é preciso ter outro átomo de itérbio, que receberá as características do primeiro. Portanto, não são as partículas em si que desaparecem num lugar e reaparecem, mas só a informação que elas contêm é que viaja de um ponto a outro.

Então, a pergunta básica que devemos nos fazer para entender tudo isso é mais profunda: o que somos? Somos os átomos que nos compõem, ou somos as informações que esses átomos contêm? O filósofo Richard Hanley, nascido na Zâmbia e radicado na Austrália, pensou longamente sobre a questão. E, para ele, o que conta é a informação. Afinal, você ainda é o mesmo “você” que existiu quando você era criança, muito embora muitas das suas partículas de então tenham se perdido, e você tenha agregado muitas mais durante seu crescimento. O que mantém você como você seria a informação, mais ou menos constante e fluida ao longo de todo o processo.

Continua após a publicidade

Mas, claro, essa é apenas uma das conclusões possíveis. Não há nada de errado em atitudes como a do Dr. McCoy, que, nas aventuras de Jornada nas Estrelas, sempre temia o teletransporte e preferia alternativas convencionais de locomoção…

 

 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.