Contra picada de cobra só resta à vítima tomar o soro com anticorpos produzidos por animais que receberam pequenas doses de veneno. Mas a primeira vacina antiveneno de cobra pode estar a caminho, em conseqüência de estudos realizados no Instituto de Pesquisas Nucleares (IPEN) da Universidade de São Paulo. “A princípio, pretendemos tornar o veneno menos tóxico e assim reduzir o número de mortes dos cavalos usados na produção do soro”, explica o bioquímico José Roberto Rogero. Os cientistas já conseguiram tornar o veneno de cascavel cerca de cinco vezes menos tóxico, graças a aplicações de radiação gama – energia eletromagnética emitida, por exemplo, pelo cobalto 60.
Os raios gama modificam as moléculas da peçonha, inibindo a sua ação. Essas alterações, porém, não podem ultrapassar o ponto em que o organismo ainda reconhece a presença da toxina, produzindo anticorpos de defesa. Como, na verdade, um único veneno possui diversas toxinas, os resultados completos com o veneno da cascavel só serão conhecidos daqui a dois anos. “Então”, prevê Rogero, “trabalharemos com os venenos da jararaca e do escorpião.”