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Versão modificada do HIV cura casos de “síndrome da bolha”

A Imunodeficiência Combinada impede o desenvolvimento do sistema imunológico, deixando bebês vulneráveis. Mas essa nova terapia pode mudar o quadro.

Por Ingrid Luisa
18 abr 2019, 19h01

No início da década de 1970, uma doença rara impressionou o mundo: o americano David Vetter nasceu sem sistema de defesa nenhum.

Para possibilitar a sobrevivência do garoto, vulnerável a todo e qualquer microrganismo por conta da sua imunodeficiência severa, ele foi colocado em uma câmara de isolamento de plástico desde que saiu do útero da mãe.

Literalmente dentro de uma bolha, o ar filtrado e o ambiente constantemente esterilizado mantiveram o garoto vivo e saudável.

Logo, o “menino da bolha” ganhou todas as manchetes, virou tema de documentário e sua doença se tornou alvo de diversas pesquisas. Aos 6 anos de idade, ele recebeu um traje especial desenvolvido pela Nasa, e pode finalmente sair do hospital.

Aos 12 anos, David passou por um transplante de medula para tentar se libertar de vez das bolhas em que vivia, mas o procedimento não foi bem sucedido e ele acabou falecendo.

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David Vetter, o “menino da bolha” (Bettmann/Getty Images)

O “bubble boy” foi o primeiro caso público da Síndrome da Imunodeficiência Combinada Grave (SCID, na sigla em inglês) — ou “síndrome da bolha”.

Condição raríssima, ela era fatal se o doente não conseguisse um doador 100% compatível para fazer um transplante de medula até os 2 anos de idade. Infelizmente, cerca de 80% dos pacientes com a síndrome não possuem esses doadores.

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Mas, agora, uma terapia genética utilizando o vírus HIV pode mudar o rumo de diversos “meninos da bolha” pelo mundo.

Descrito no periódico New England Journal of Medicine, o estudo detalha como um procedimento novo curou oito crianças que possuíam a vertente mais comum da síndrome, chamada SCID-X1.

Na pesquisa, cientistas coletaram células-tronco da medula óssea de bebês doentes logo após o nascimento. A partir daí, eles usaram uma versão modificada do HIV como vetor para inserir uma cópia correta do gene defeituoso naquelas células. Ou seja, ao invés de destruir o sistema imunológico, como geralmente o HIV faz, ele o corrigiu. 

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Após esse procedimento, as células foram então congeladas e submetidas a testes de qualidade pelos médicos. Antes de serem reinseridas nos bebês, os recém-nascidos passaram por dois dias de quimioterapia, com doses baixas de substâncias que os ajudariam a não rejeitar as novas células.

Depois de inseridas nos pacientes, os resultados não poderiam ter sido melhores: a maioria dos bebês recebeu alta hospitalar no prazo de um mês.

Todos estão sendo acompanhando e, até agora, seguem se desenvolvendo e crescendo normalmente, com o sistema imunológico trabalhando perfeitamente.

“Os pacientes estão respondendo à vacinação e têm sistemas imunológicos capazes de produzir todas as células de defesa que eles precisam para se proteger contra infecções, enquanto exploram o mundo e levam vidas normais “, destacou Ewelina Mamcarz, autora do estudo, em comunicado divulgado pelo hospital St. Jude Children’s Hospital, nos EUA.

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