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Bruno Garattoni

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Vencedor de 15 prêmios de Jornalismo. Editor da Super.

“Flight Simulator” no Xbox é um marco tecnológico – e o início da reação da Microsoft contra o PS5

Pela primeira vez, consoles de videogame recebem um simulador de voo completo, como nos PCs; game usa 2 petabytes de imagens para reproduzir 100% do planeta; lançamento é o primeiro de uma sequência para tentar alcançar o PlayStation 5 em títulos exclusivos, área em que o console da Sony leva vantagem.

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Atualizado em 28 jul 2021, 19h19 - Publicado em 28 jul 2021, 14h36

Pela primeira vez, consoles de videogame recebem um simulador de voo completo, como nos PCs; game usa 2 petabytes de imagens para reproduzir 100% do planeta; lançamento é o primeiro de uma sequência para tentar alcançar o PlayStation 5 em títulos exclusivos, área em que o console da Sony leva vantagem.

Faz oito meses que a nova geração de consoles foi lançada. E de lá para cá, em games exclusivos, só deu PlayStation 5. Ele nasceu com uma forte seleção de títulos, que incluía Astro’s Playroom, Spiderman: Miles Morales, Sackboy: a Big Adventure e Demon’s Souls, e depois ganhou os excelentes Returnal e Ratchet & Clank: A Rift Apart. Ao mesmo tempo, o Xbox vivia uma seca de novos títulos exclusivos, com um ou outro lançamento de menor expressão (como Gears Tactics e, temporariamente, Yakuza). A Microsoft corre para remediar isso (recentemente comprou o estúdio Bethesda, autor das séries Doom, Fallout e Wolfenstein), mas passou o semestre se apoiando no serviço Xbox Game Pass – ele é excelente, mas não basta para enfrentar a Sony. O Xbox também precisa de blockbusters exclusivos. 

Agora, com a chegada do Flight Simulator ao Xbox Series S/X, isso finalmente começou a acontecer. Ele pode ser baixado, de graça, pelos assinantes do Game Pass – e leva os consoles a um novo patamar. O simulador de voo da Microsoft, que foi lançado ano passado para PC, é um salto tecnológico incomparável: usa 2 petabytes (2 milhões de gigabytes) de fotos de satélite do serviço Bing Maps para reproduzir, com imagens reais, 100% do planeta Terra. Ele tem clima e tráfego aéreo reais, e usa até inteligência artificial – os servidores da Microsoft rodam um software, criado pela empresa austríaca Black Shark, que transforma as imagens chapadas de satélite em cenários 3D. O resultado é incrível. Em alguns momentos, o Flight Simulator alcança o santo graal dos games: o fotorrealismo. 

Por isso mesmo, ele é o terror dos PCs. O computador precisa ter uma CPU e placa de vídeo bem potentes para executá-lo bem, e mesmo assim não é fácil. O game demora bastante para carregar, mesmo com um SSD, e frequentemente dá uns soluços (micro travamentos). Rodá-lo na resolução 4K, então, é coisa para bem poucos.

O Xbox Series X consegue fazer isso, e vai além: transforma a experiência de rodar o Flight Simulator em algo tão simples, ágil e estável quanto qualquer jogo de console. Depois do carregamento inicial, que leva em torno de 2 minutos, ele fica bem rápido – iniciar novos voos leva apenas 20 a 25 segundos (no PC, dependendo da configuração, são minutos). “Nós fizemos bastante trabalho de otimização [do software]“, diz Jorg Neumann, diretor do Flight Simulator. Pergunto em qual nível gráfico, comparando com a versão para PC, o software roda no Xbox. Ele dá uma desconversada. “No Series X é o nível Ultra, para o terreno. No Series S, é o nível Alto, eu acho. É uma mistura de várias coisas”, diz. Isso significa que certos elementos visuais, como prédios e nuvens, podem estar sendo renderizados numa qualidade menor. 

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Não parece. Ao rodar o simulador no Series X, a sensação é de estar jogando num PC gamer de alto nível: os gráficos são perfeitos, e a taxa de quadros é totalmente estável (em 30 fps). Mas o impressionante é o que a Microsoft conseguiu fazer com o Series S, que também roda com qualidade excelente. A única diferença realmente perceptível é a resolução, que no Series S é menor, 1080p (veja no vídeo abaixo, gravado pelo site IGN). 

É a primeira vez que os consoles de videogame recebem um simulador de voo de verdade, e isso levanta uma questão: como o FS funciona só com o controle, sem teclado e mouse? Surpreendentemente bem. Quando você pressiona a alavanca esquerda do controle do Xbox, ela se transforma num cursor, para navegar pelos menus do Flight Simulator e operar os controles do painel do avião. O cursor é preciso e tem uma certa inteligência (ele percebe o que você está tentando selecionar), então dá para se virar bem. Mas, se você quiser, também pode conectar teclado e mouse comuns ao Xbox – e usá-los junto com o controle, inclusive. Funciona perfeitamente.

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O simulador recebeu algumas mudanças para ficar mais amigável. “Nós adicionamos um negócio chamado Flight Assistant, que ajuda bastante [durante o voo]”, diz Neumann. É um ícone que, quando clicado, mostra lugares interessantes perto de onde você está e atalhos para as principais assistências do avião, como anti-estol e piloto automático. Mas o Flight Simulator é idêntico à versão de PC, ou seja, você pode voar com tudo manual se preferir.

O jogo vem com 24 aeronaves – as mais interessantes são o A320neo, o Boeing 747 e alguns monomotores, mas é possível comprar e baixar outras, como o caça Eurofighter Typhoon (caros R$ 75). Segundo a Microsoft, o FS para Xbox é compatível com todo o conteúdo criado por terceiros (como aviões e aeroportos) para o Flight Simulator de PC – mas os desenvolvedores precisam adicionar seus produtos à versão de console.

A chegada do Flight Simulator ao Xbox é um marco tecnológico para os consoles, e também muda a dinâmica da batalha entre Sony e Microsoft. Finalmente o Xbox Series X/S tem um título exclusivo imperdível. E ele é o primeiro de uma sequência: nos próximos meses, a Microsoft irá lançar Forza Horizon 5, a nova versão do maior e melhor game de corrida do mercado, e o aguardado Halo Infinite (que iria sair junto com os novos consoles, no fim do ano passado, mas atrasou). Ambos no serviço Game Pass, de graça para os assinantes. A Sony irá responder com artilharia pesada: também neste segundo semestre, lança o esperado Horizon Forbidden West.  

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