PlayStation 5 ganha controle para pessoas portadoras de deficiência
Access irá custar R$ 599 e é compatível com todos os jogos do console, mas precisa ser configurado manualmente antes do uso; veja como funciona
Access irá custar R$ 599 é compatível com todos os games do console, mas precisa ser configurado antes do uso; veja como funciona
Segundo a OMS, 16% da população mundial possui algum tipo de deficiência (no Brasil, de acordo com dados do IBGE, 8,9%). É um público grande, que a indústria de games descobriu há certo tempo: em 2018, a Microsoft criou o Xbox Adaptive Controller, com layout simplificado e botões grandes, projetados para pessoas portadoras de deficiência. Agora, é a vez da Sony – que está lançando seu Access Controller para o PlayStation 5.
O Access segue uma filosofia um pouco diferente do rival: tem bem mais botões, nove ao todo, e um direcional do tipo stick (o controle da Microsoft possui apenas dois botões, e um direcional em forma de cruz). Na prática, o Xbox Adaptive Controller é dependente da conexão de acessórios externos: ele funciona mais como um hub, que centraliza tudo.
O controle da Sony também aceita expansões (tem quatro entradas, do padrão 3,5 mm, para conectar botões, pedais e alavancas externas), mas não necessariamente precisa delas: sua configuração default é bem mais capaz. O projeto, que começou em 2018, mobilizou cerca de 100 engenheiros no Japão e nos EUA – e incluiu estudos com pessoas portadoras de deficiência.
“Nós encontramos jogadores usando o DualSense [o controle normal do PS5], com grande esforço. Eles o colocavam na boca e jogavam coisas como Elden Ring, games extremamente difíceis”, conta o engenheiro Alvin Daniel, diretor do projeto.
O Access não foi projetado tendo em vista uma deficiência motora específica. “No começo, nós pensamos em jogadores com paralisia cerebral, por exemplo, que é uma condição relativamente comum. Mas logo percebemos que não era uma boa maneira de pensar no problema”, diz Daniel.
Isso porque, dentro de cada tipo de deficiência, há grandes diferenças individuais. Nos estudos com portadores de paralisia cerebral, conta Daniel, havia jogadores que possuíam boa destreza nos dedos e conseguiam usar o DualSense tradicional, desde que pudessem apoiá-lo em alguma superfície. Já outros não conseguiam fechar as mãos, e essa estratégia não funcionava – mesmo apoiando o controle, eles não alcançavam os botões.
Por isso, o Access aposta em três estratégias mais gerais: ele é plano, não precisa ser segurado; seus botões são maiores e mais espaçados; e o layout é customizável, com os botões podendo ser destacados e trocados de posição (dentro do círculo em que estão dispostos). A alavanca direcional também pode ser trocada. O produto vem com botões em vários formatos, e três tipos de alavanca.
A flexibilidade levou a situações surpreendentes durante os testes. “Alguns jogadores colocaram o controle no chão, e começaram a usar os pés”, diz Daniel. Também é possível usar dois Access ao mesmo tempo, e distribuir os comandos entre eles [veja exemplo no vídeo abaixo].
Antes de usar o Access, é preciso remapear os botões e as funções do controle DualSense normal para as teclas correspondentes. Esse ajuste é feito no menu de configurações do PlayStation 5 – ou seja, os desenvolvedores de games não precisam implementar o suporte ao controle, que em tese é compatível com todos os games do PS5.
“Em tese” porque, na prática, isso pode variar: para jogar shooters, por exemplo, é preciso ter dois Access (com apenas um, não dá certo, já que não haverá uma segunda alavanca disponível).
O remapeamento dos botões é manual, e demanda algum tempo e empenho – inclusive porque tende a exigir ajustes de um game para outro (já que os comandos de cada jogo são diferentes). É possível criar até 30 perfis customizados, que ficam armazenados na memória do PS5.
O Access Controller será lançado nesta quarta-feira, dia 6, por R$ 599,90.