Você realmente precisa de uma VPN? A resposta é não.
Os serviços de VPN patrocinam zilhões de vídeos do YouTube, sempre prometendo segurança e privacidade para os seus dados através da criptografia. Mas omitem um ponto crucial: o seu navegador, e os apps que você usa, já fazem isso.
Os serviços de VPN patrocinam zilhões de vídeos do YouTube, sempre prometendo segurança e privacidade para os seus dados através da criptografia. Mas omitem um ponto crucial: o seu navegador, e os apps que você usa, já fazem isso.
“Com uma VPN, você evita que os seus dados sejam roubados, e também pode acessar sites e serviços de outros países. Assine já, com 80% de desconto”. Não dá mais para assistir ao YouTube sem ver propagandas como essa: os serviços de VPN (virtual private network) fazem merchandising em todos os tipos de canal, inclusive os que não têm nada a ver com tecnologia.
É um verdadeiro bombardeio. E talvez você já tenha se perguntado: será que precisa mesmo assinar uma VPN? Na esmagadora maioria dos casos, não. As VPNs são serviços que criptografam todo o tráfego de dados entre você e a internet. Acontece que o seu navegador, e os aplicativos do seu smartphone, já fazem isso.
Role esta página para cima e dê uma olhada na barra de endereços. Está vendo o cadeado? Ele indica que a sua conexão com o site da Super é criptografada. Praticamente todos os sites usam o protocolo HTTPS, e é assim há vários anos. É bem raro, hoje em dia, encontrar uma página cuja conexão não seja encriptada. O mesmo vale para os apps.
Isso significa que, mesmo se alguém interceptar o seu tráfego de dados (criando um ponto de acesso Wi-Fi falso e induzindo você a se conectar a ele, por exemplo), não conseguirá ler nada. Ok, a criptografia usada no HTTPS não é perfeita (nenhuma é). Mas quebrá-la exige um conhecimento técnico relativamente incomum – e a exploração de brechas que já foram corrigidas em 99% dos sites.
As empresas costumam usar VPN, para os funcionários que trabalham viajando ou em home office, porque as ferramentas e os sistemas corporativos não costumam incluir criptografia. Normal: eles foram projetados para funcionar dentro de uma rede local, não via internet. A VPN, nesse caso, é importante. Mas fora isso, não.
Usar uma VPN não protege contra vírus, nem evita que uma página maliciosa tente roubar os cookies do seu navegador (o que permite invadir as suas contas). Não protege contra phishing, nem evita que você caia em golpes online.
Também não melhora muito a privacidade: o Google e o Facebook, entre outros, continuam conseguindo monitorar praticamente toda a sua navegação na rede – pois isso é feito por meio dos cookies, cujo funcionamento a VPN não altera.
A única coisa que a VPN faz, no quesito privacidade, é evitar que o seu provedor de internet saiba quais sites você está acessando. Essa informação continua existindo – só que agora ela fica nos computadores da VPN. Alguns serviços dizem que não mantêm nenhum log (registro de uso), apagam tudo. Mas isso é impossível de comprovar.
Em 2021 o ProtonMail, que é o principal serviço de email anônimo e também possui uma VPN bem tradicional, a Proton VPN, entregou às autoridades francesas logs que dizia não manter. Em suma: VPN não é garantia de privacidade ou anonimato.
Ela serve, na prática, para duas coisas: baixar e compartilhar arquivos via BitTorrent reduzindo muito o risco de ser processado – algo que às vezes acontece, inclusive no Brasil – e acessar conteúdo do Netflix, e outros serviços de streaming, destinado a outros países.
Só que isso é pirataria, ilegal (proibido por aqueles contratos de uso quilométricos, que aparecem quando você assina um serviço de streaming) ou simplesmente bloqueado – a Netflix, por exemplo, tenta barrar o uso de VPNs.
Agora você sabe. Na próxima vez em que estiver assistindo a um vídeo do YouTube, e aparecer um merchan de VPN, você não precisa se sentir mal ou desprotegido por não ter uma.