Diagnosticada com “alucinação musical”, idosa não consegue tirar hinos de natal da cabeça
A aposentada britânica Cath Gamester, de 84 anos, sofre de um mal raro: a “síndrome do ouvido musical” ou as “alucinação musical”. A doença faz com que os idosos afetados ouçam, na imaginação, uma lista de seis a dez músicas que se repetem constantemente em suas cabeças. Eles contam que o transtorno começa quando acordam e vai evoluindo ao longo do dia, passando por suas tarefas diárias, como assistir TV. O problema só termina quando estão prestes a dormir.
No caso de dona Cath, a lista inclui “Parabéns a Você”, o hino nacional britânico e hinos religiosos, sempre na voz de um tenor masculino – que, ao menos, é do seu agrado. “É um tenor, uma voz de homem, bonita, muito forte e alta, com música de som de fundo”, conta. Dentre as seis canções que a vovó ouve sem parar, a mais irritante, segundo ela, é “Parabéns a Você”. Em entrevista à BBC, dona Cath revelou que tudo começou há dois anos, quando sua irmã morreu e ela começou a tomar antidepressivos. Mas mesmo depois de interromper o tratamento, as músicas não cessaram.
“Fui dormir, e quando acordei, por volta das 8h, logo ouvi a música e era o hino nacional [da Inglaterra]. Olhei ao redor, abri a porta de casa, achei que eram os vizinhos… mas me dei conta de que as canções estavam dentro da minha cabeça”, diz.
O psiquiatra Nick Warner, especialista em idosos, acompanhou uma série de pacientes que sofrem do mesmo mal. Ele garante que o problema não tem nada a ver com os ouvidos, e que na maioria dos casos as músicas são muito parecidas, senão as mesmas. “Percebi que muitas pessoas com a doença ouviam hinos religiosos e canções de Natal. Particularmente o hino abide with me (“permaneça ao meu lado”, em tradução livre), ouvido por 50% dos pacientes”.
“É um hino muito reconfortante. Há de se especular se há algo em específico gerando essa necessidade de segurança quando se está envelhecendo. [Uma mensagem] de que você não está sozinho e de que está seguro”, diz.
Especialistas também levam em consideração o fato de que em grande parte dos casos os pacientes são idosos e vivem sozinhos.
Aos que sofrem com as alucinações, Cath deixa uma mensagem de esperança: “Gostaria de dizer a todos que têm o mesmo problema que eu, para que sejam felizes, aproveitem a vida mesmo assim. Aprendi a valorizar o fato de que ao menos não tenho uma doença grave”, diz a aposentada.