Em 1996, o artista e professor australiano Stelarc teve uma ideia para a qual ninguém deu ouvidos, com o perdão do trocadilho. Imagine se um amigo seu chegasse em uma festa dizendo que quer colocar uma orelha humana em um dos braços?
Mas a ideia de Sterlac não é tão “arte pela arte” assim. Ele, que atualmente é chefe do Alternate Anatomies Laboratory, na Curtin University (Austrália), explicou que o desejo de implantar uma orelha no próprio braço é um sinal das coisas que estão por vir em um mundo tão globalizado.
Em entrevista à “ABC”, Sterlac disse que, cada vez mais, as pessoas estão se tornando pequenos portais virtuais de experiências compartilháveis na web. “Imagine se eu pudesse ouvir com os ouvidos de alguém em Nova York, ao mesmo tempo em que posso ver com os olhos de alguém em Londres?”, indaga.
Seguindo esse raciocínio, Sterlac correu atrás do sonho e, após dez anos de buscas, reuniu médicos de diversas partes do mundo para conduzir os estudos (com duração de mais uma década) que culminaram com o implante de uma orelha em seu braço. Em seguida, a tentativa de implantar microfones para que Sterlac transmitisse todo som ambiente dos lugares por onde anda, em streaming, foi mal sucedida. Por enquanto.
Aparentemente, Sterlac está disposto a perder inclusive toda a sua privacidade quando a instalação do microfone de streaming funcionar: ele pretende transmitir sons ao seu redor 24h por dia, 7 dias por semana.