Como se confirma que o paciente está sob efeito da anestesia geral?
Mesmo que o paciente recupere a consciência, ele quase nunca sente dor.
A coisa é engenhosa. O anestesista acompanha todo tipo de indicador fisiológico (frequência cardíaca, espasmos musculares, resposta a estímulos auditivos etc.) ao longo do procedimento. Desde 1994, há também um monitoramento chamado índice bispectral – BIS, na sigla em inglês. Trata-se de uma máquina que acompanha a atividade elétrica no cérebro do paciente ao longo da cirurgia e atribui uma “nota” de 0 a 100 ao grau de falta de consciência. O ideal é manter a pessoa abaixo de 60 e acima de 40.
Só uma em cada mil pessoas (0,1% do total) permanece parcialmente consciente sob efeito da anestesia geral – isso é mais comum em cirurgias de emergência, quando a correria e a incerteza aumentam o risco de administrar errado o anestésico. Nessas situações, alguns pacientes se sentem em um sonho; outros lembram detalhes da cirurgia. Dor, praticamente nunca.
Isso porque a anestesia geral é basicamente um coma induzido. Utiliza-se um conjunto de medicamentos para tirar sensibilidade do paciente (o cérebro não responde a estímulos externos, sejam táteis, térmicos ou dolorosos), bloquear a capacidade motora (para que ele não se mova durante o procedimento) e colocá-lo em uma espécie de sono profundo. A boa administração dessas substâncias, de acordo com as especificidades do caso e paciente, é o que garante o sucesso da anestesia.
Ainda existem dois tipos de anestesia em que você fica acordado: a local, usada em pequenos procedimentos (como a remoção do siso); e a regional, que bloqueia a dor em áreas maiores (a região inferior do corpo, por exemplo, em cesáreas e partos). Nesses casos, o paciente pode se comunicar com a equipe médica.
Fontes: Renato Lucas, anestesiologista e mestre pela USP; Artigo The incidence of awareness during anesthesia: a multicenter United States study; Artigo Awareness during anesthesia: how sure can we be that the patient is sleeping indeed?
Pergunta de @alexgomees, via Instagram