Desde o final da 2ª Guerra, quantos anos os EUA passaram em paz?
Dá para contar nos dedos. E os dados anteriores à 2ª Guerra são ainda piores.
Dá para contar nos dedos: desde o final do conflito, os EUA estiveram em paz entre 1946 e 1949, em 1954, entre 1976 e 1981 e, finalmente, em 1985. A soma disso são 12 anos, apenas. E aqui estamos falando apenas de envio de tropas. Inclua fornecimento de armas ou apoio político e a resposta cai para zero.
Curioso é que o pós-2ª Guerra tenha sido a época mais pacífica do país. Um levantamento realizado em 2017 pelo matemático Arthur Charpentier, professor da Universidade do Quebec em Montreal, revelou que os EUA haviam passado 222 anos em guerra em seus 239 anos de existência (a independência americana rolou em 1776).
Considerando que há três países em guerra civil sob intervenção de militares americanos em 2023 – Síria, Somália e Níger –, e que essas três intervenções começaram antes de 2017, podemos atualizar os dados de Charpentier e concluir que foram 228 anos em guerra para 17 anos de paz, no total.
As forças armadas americanas são, de longe, as mais bem equipadas e dispendiosas do mundo. E são onipresentes fora do território dos EUA.
O professor de antropologia política David Vine, referência nesse assunto, estuda bases americanas fora do país e produziu uma lista com as instalações militares ativas, de 1776 a 2021.
O levantamento mais recente apresenta 742 bases americanas fora dos Estados Unidos, o que inclui instalações terrestres e marítimas. A lista também apresenta outras 53 bases não confirmadas.
A maioria delas é resquício da Segunda Guerra Mundial. Das 742 bases americanas, 118 estão na Alemanha. Outras 119 estão no Japão, e 44 ficam na Itália. As bases americanas estão espalhadas por cerca de 80 países ou territórios.
A popularidade dos EUA como potência vem caindo, embora permaneça razoável. Segundo o instituto de pesquisas de opinião pública Pew Research Center, 25% do mundo considerava os EUA uma “grande ameaça” a seu país em 2013, versus 45% em 2018. Por outro lado, 51% das pessoas do planeta ainda têm uma visão positiva dos EUA.