5 disputas mais famosas da História
Por Raquel Sodré
O que seria da História sem as grandes disputas? Nada, realmente. Simplesmente nós não teríamos nada para contar para as gerações seguintes se o mundo fosse um lugar calmo em que todo mundo pensa igual e onde não há brigas para saber quem é melhor em alguma coisa. Ou qual ideologia vai pegar entre um determinado grupo. Ou de quem é a autoria de um determinado feito. Algumas disputas mudam o rumo do mundo, e é dessas mesmas que vamos falar. Confira os maiores cabos de guerra históricos na Superlistas de hoje:
Stalin x Trotsky
Depois da derrota do Exército Branco, em 1921, Vladimir Lenin, Joseph Stalin e Leon Trotsky passaram a ser as figuras dominantes no governo bolchevique. Stalin e Trotsky nunca bateram muito em termos de ideologias filosóficas e políticas, então Lenin promoveu os dois, na esperança de que eles pudessem trabalhar juntos e colaborar um com o outro. Como a gente já sabe, a estratégia não deu certo. Trotsky ficou mais popular que Stalin, e ele recebeu uma função de maior autoridade no governo: sucessor natural de Lenin depois de sua morte. Já Stalin virou Secretário Geral do Partido Comunista. Em 1922, quando a saúde de Lenin começou a se deteriorar, cresceu exponencialmente a tensão sobre quem seria, de fato, o sucessor do governo. Lenin pediu por poderes compartilhados até o dia de sua morte, em 1924, mas não teve jeito: Stalin tomou o poder e, em 1927, já havia eliminado todos os seus inimigos políticos — inclusive Trotsky, claro, que foi deportado da União Soviética em 1929 (e morto por agentes soviéticos no México em 1940).
Robert F. Kennedy x Lyndon B. Johnson
A relação de Lyndon Johnson com os Kennedy nunca foi lá muito boa. E aí, em um golpe de mestre de diplomacia, John F. Kennedy nomeou Johnson como seu vice-presidente (cumprindo à risca a filosofia do “manter os amigos por perto e os inimigos mais perto ainda”). O irmão de John, Robert F. Kennedy, era Procurador Geral nessa época e, apesar de trabalharem juntos, continuavam brigando. Mas essa história só funcionou até a morte de JFK, em 22 de novembro de 1963. Sem o pilar que segurava os dois lados dessa disputa, o caldo entornou. Ao passo que Johnson e RFK tentavam segurar as pontas das acusações diretas da culpa pelos problemas, seus apoiadores não economizavam nas ofensas. Os seguidores dos Kennedy acusaram abertamente Johnson de ter incentivado JFK a ir para a viagem a Dallas (que resultou em seu assassinato), enquanto os seguidores de Johnson execravam os irmãos Kennedy por uma série de erros em Cuba. A disputa e as brigas entre eles cresceram — a paranoia também — e, em 1968, Robert F. Kennedy até concorreu contra Johnson nas eleições primárias. Surpreendentemente, Johnson desistiu da corrida eleitoral, deixando RFK como favorito. Mas Robert tinha a chamada “maldição dos Kennedy”, e foi assassinado logo depois.
J. Edgar Hoover x Martin Luther King Jr.
Sabe aquela coisa de arqui-inimigos? Era essa a relação entre Martin Luther King e o diretor do FBI J. Edgar Hoover. Apesar de o FBI já monitorar Luther King em seu Programa de Questões Raciais, a questão de Hoover com ele era pessoal. O policial acreditava fielmente que o ativista era influenciado pelos comunistas. Em 1956, ele chegou a levantar a hipótese de Luther King ter se afiliado ao Partido Comunista. Em 1962, Hoover contou isso para o então Procurador Geral, Robert F. Kennedy. E aí a investigação começou de verdade. RFK autorizou grampos nas ligações de Luther King e designou agentes de Hoover para encontrar “material subversivo” de LK. Isso iniciou entre os dois uma briga de comadres, com acusações e ofensas em entrevistas de TV e nos jornais, com o FBI chegando a, anonimamente, ameaçar Luther King de morte. Depois do assassinato de Luther King em 1968, um comitê do Senado estadunidense designou uma comissão para investigar as operações de inteligência interna do FBI. Nessa investigação, ficaram claras as intenções e os impactos de colocar as ações de Luther King em xeque (mas aí já era tarde, Inês —aliás, King, era morto).
EUA x União Soviética
Na época da Guerra Fria, Estados Unidos e União Soviética disputavam absolutamente tudo. Mas uma das disputas que mais resultou em mudanças para o futuro do planeta foi a chamada “corrida espacial”. Em 1955, EUA e União Soviética começaram uma competição doida para ver quem conseguiria dominar o Espaço antes. Essa corrida se justificava porque a superioridade tecnológica necessária para esse domínio era vista como necessária para a segurança nacional, e era também uma superioridade ideológica simbólica (mais ou menos no espírito “se eu conquistei o Espaço, imagina o que não farei na Terra?”). Em 29 de julho de 1955, os EUA anunciaram sua intenção de lançar satélites. Quatro dias depois, em 2 de agosto, a União Soviética disse que também lançaria satélites “em um futuro próximo”. Pronto. Foi o que bastou para começar uma corrida que durou nada menos do que 17 anos.
Rainha Elizabeth x Rainha Maria, da Escócia
Já falamos dessa briga aqui outras vezes, mas não podemos esquecer dessa que foi uma das maiores disputas de todos os tempos, entre a Rainha Elizabeth, da Inglaterra, e a Rainha Maria, da Escócia. Várias coisas estão envolvidas nessa querela: era uma briga de poder, uma briga religiosa, ideológica e até uma briga de família. Como herdeira do Rei Henrique VIII, Elizabeth tinha direito hereditário ao trono. Mas, em um momento decisivo para o mundo, em que os países se dividiam entre católicos ou protestantes, ela escolheu o segundo grupo — alinhada com as ideias de seu pai, mas a contragosto de muita gente no reino. Esses descontentes correram para a Escócia, em uma tentativa que a rainha de lá, Maria Stuart, prima de terceiro grau de Elizabeth, desse um golpe na prima e transformasse a Inglaterra em um país católico. Depois de uma série de escândalos, Maria foi forçada a sair de seu próprio país e buscou proteção e apoio no castelo da prima. Elizabeth, esperta como uma raposa, desconfiou que Maria pudesse estar armando contra ela e que pudesse ganhar o apoio dos católicos para destroná-la. Assim, ela manteve Maria como prisioneira durante os 18 anos seguintes. O caso se concluiu em 1586, quando Elizabeth conseguiu cartas provando que Maria estava mesmo tentando assumir o reino da Inglaterra. Pela traição, Maria foi decapitada.