5 fatos impressionantes sobre exoplanetas (e a busca pela vida no espaço)
Por Fabio Marton Imagem: Nasa A ideia de planetas fora do Sistema Solar está longe de ser nova. Quase 500 anos atrás, Giordano Bruno já dizia que o sol era apenas uma estrela entre muitas, todas tinham seus planetas e neles podia muito bem haver homenzinhos verdes. A ideia de que não há nada especial […]
Por Fabio Marton
A ideia de planetas fora do Sistema Solar está longe de ser nova. Quase 500 anos atrás, Giordano Bruno já dizia que o sol era apenas uma estrela entre muitas, todas tinham seus planetas e neles podia muito bem haver homenzinhos verdes. A ideia de que não há nada especial com a Terra ou Sol era tão chocante que ele acabou na fogueira (para dizer a verdade, não foi só por isso, mas também por dizer, entre outras, que a Virgem Maria não era tão virgem assim).
Nesses cinco séculos, exoplanetas continuaram a ser assunto de filmes com alienígenas com testa de borracha descendo de pires pendurados com barbante.
E outros tipos de filmes, também.
Mas somente em 1992, a existência de outros planetas fora do Sistema Solar foi confirmada pela ciência, com a descoberta de planetas na órbita da pulsar PSR B1257+12.
Desde então, o conhecimento sobre eles tem avançado a saltos cavalares. Em 2014, quase dobrou o número de exoplanetas confirmados, chegando a 1821, de acordo com a NASA.
Em algum deles, deve ter ewoks…
A seguir, alguns fatos que talvez você não saiba sobre essas terras muito, muito distantes.
1. Existem mais planetas na zona habitável do que se imaginava
Apenas na Via Láctea, existem centenas de bilhões de exoplanetas na zona habitável de suas estrelas – também conhecida como zona Cachinhos Dourados, nem muito quente, nem muito fria. Essa é a região onde pode haver água em estado líquido, e varia conforme a magnitude da estrela. O cálculo, que amplia em várias vezes a possibilidade de encontrarmos vida na galáxia, foi feito este ano pelo astrônomo Charley Lineweaver, da Universidade Nacional da Austrália, reciclando contas de 200 anos atrás, como as quais a existência de Urano foi prevista.
2. Não basta estar na região certa
Ainda que o cálculo do astrônomo australiano seja, sem dúvida, animador, não basta um planeta estar na zona Cachinhos Dourados para ser um oásis para a vida. O próprio Sistema Solar tem três planetas que, se estivéssemos olhando de longe, consideraríamos “candidatos à vida” – Vênus, Terra e Marte estão na zona habitável. Mas Vênus tem uma atmosfera 92 vezes mais densa que a Terra, que causa um efeito estufa tão grande que as temperaturas na superfície chegam a 420 graus. Em Marte é o contrário – o planeta provavelmente já teve oceanos. Mas, como não tem um campo magnético como a Terra, sua atmosfera foi varrida por ventos solares, de forma que acabou frio e com muito pouca pressão para manter água em estado líquido. Esse é outro problema: um planeta precisa ter um campo magnético, para não acontecer o mesmo que rolou em nosso vizinho vermelho. Por fim, um planeta pode estar em rotação sincronizada com a estrela, como uma face sempre virada para ela – isso faz com que um lado tenha eterno dia – às vezes derretendo rochas, como veremos abaixo – e outro, eterna noite. Ao mesmo tempo, é quente e frio demais para a vida. Alguns cientistas têm parâmetros ainda mais estritos, considerando fatores como ter uma lua como a nossa – o que é raro – ou ser cercado por gigantes como Júpiter, que absorvem ou desviam a maioria dos cometas perigosos. Essa é a Hipótese da Terra Rara, fazendo chover na festa de quem espera achar aliens ainda neste século.
3. Cientistas criaram um catálogo de cores para encontrar vida
Imagem: Hedge/Instituto Max Planck
Pesquisadores da Universidade Cornell acabam de lançar um banco de dados com as cores produzidas por 137 micro-organismos terrestres. Nos primórdios da vida, a Terra era dominada por micróbios. A ideia é encontrar planetas num estágio de evolução similar, com oceanos atuando como um caldo bacteriano (mais ou menos como sua pia) e tingidos com uma dessas cores.
4. A vida pode estar mais perto do que se imagina
A gente fica olhando para a longe, mas é bem possível encontrarmos ETs logo aqui na esquina. Europa, uma lua de Júpiter um pouco menor que a nossa, tem uma atmosfera de oxigênio e é coberta por gelo – de água mesmo. Com um temperatura de -160o C, está bem mais para Frozen que para Cachinhos Dourados.
Mas, graças à grande gravidade de Júpiter, a lua tem um núcleo quente como o da Terra. Por isso, a alguns quilômetros abaixo desse gelo pode haver um imenso oceano. A atividade geotérmica pode gerar calor suficiente para manter formas de vida independentes da energia solar, que move a maioria da vida na terra – isso já acontece no fundo de nossos oceanos, próximo a fontes hidrotermais. Temos um exemplo parecidíssimo, aliás, no Lago Vostok, na Antártica. Há 15 milhões de anos, ele não recebe luz do sol. Em 2012, cientistas russos cavaram buracos e disseram encontrar 3500 espécies de bactérias no lago. Como houve um problema sério de contaminação, a comunidade científica disse que não valeu. Então os russos cavaram de novo em fevereiro passado. Os resultados ainda estão para ser divulgados.
5. Alguns exoplanetas são realmente estranhos
A superfície de COROT-7b é feita de lava / Imagem: Observatório Europeu do Sul
Às vezes, cientistas olham para os céus e acham o inferno. Veja o caso de Osiris, ou HD 209458 b, um dos pouquíssimos a ganhar nome. Ele fica tão perto de sua estrela que, além de uma temperatura de superfície de 10 mil graus Celsius, ele está encolhendo. A estrela remove do planeta 10 mil toneladas de sua atmosfera por segundo, formando uma cauda como a de um cometa.
Outros exoplanetas, como GJ 1214 b, a 42 anos luz daqui, podem ter a superfície inteira coberta por oceanos – com ondas gigantes, tipo as daquele planeta no filme Interestelar. Pode não ser muito receptivo para a vida humana, mas é uma boa aposta para encontrar vida. Numa distância similar, 55 Cancri e é um planeta terrestre feito de 1/3 de carbono – a superfície é quase preta, mas, abaixo dela, a maioria da crosta é feita de diamante. Com uma temperatura de 1700 graus, dificilmente será um empreendimento de mineração no futuro, com menos chance ainda de se encontrar nele índios azuis controlando dragões com tranças USB.
COROT-7b é ainda mais quente. Tanto que lá chove pedra. Com uma temperatura chegando 2600o C, sua atmosfera é formada de metais vaporizados e o chão é de lava. Os metais se condensam e caem do céu. Já HD 189733B parece à primeira vista convidativo, mais azul que a terra. Mas trata-se de um “Júpiter quente” perto de sua estrela. Nele chove vidro, resultado das partículas de silício na atmosfera.
Existem ainda os planetas interestelares, como CFBDSIR 2149-0403. Eles ficam no espaço entre as estrelas, não orbitando nenhuma delas. Tirados de sua órbita original por colisões com grandes objetos, são mais gélidos e sombrios que o coração de minha ex.