Quem é fã de filmes de terror sabe que, na maior parte das vezes, a sugestão do mal é muito mais eficiente do que um simples susto ou a figura de um assassino invencível atacando por aí. Quando o medo está implícito, as chances de ele ficar com você depois de ver o filme são muito maiores.
Selecionamos abaixo 12 longas que, com certeza, causarão essa impressão em você. Assista com a cabeça aberta e as portas trancadas.
1) Segredos de Sangue (Stoker, 2013)
Dirigido pelo coreano Park Chan-Wook, o mesmo de Oldboy, Segredos de Sangue narra a história de India Stoker (Mia Wasikowska), uma adolescente que se recupera da morte do pai e tem que lidar com a chegada do seu tio Charlie (Matthew Goode), de quem nunca tinha ouvido falar. Ele agora passa a morar com India e a mãe, uma mulher agressiva e distante da filha.
O filme tem um roteiro muito original, cheio de entrelinhas, que desafia o espectador a cada cena e ainda conta com um desfecho bem surpreendente. Um dos melhores do gênero, mesmo que pouco conhecido.
Um clássico cinematográfico, Persona acompanha a simplória enfermeira Alma (Bibi Andersson), que fica incumbida de cuidar de Elisabet (Liv Ullmann), uma atriz de sucesso que aparentemente está em perfeita condição física, mas se recusa a falar qualquer coisa.
Ambas estão isoladas em uma casa de campo e, conforme as duas passam mais e mais tempo juntas, Alma vai revelando segredos para a paciente, que permanece apática. Aos poucos, Alma percebe que seu ser começa a submergir no de Elisabet e as duas vão se tornando uma só pessoa. Filosofia, psicologia e cinematografia também se unem com maestria em Persona, que te deixa reflexivo durante um bom tempo.
3) A Pele que Habito (La Piel Que Habito, 2011)
O perturbador filme de Pedro Almodóvar oferece o que o diretor tem de melhor – roteiro inovador, doentio e genial. A esposa do Dr. Robert Ledgard (Antonio Banderas) se suicidou ao olhar-se no espelho após um grave acidente de carro que queimou quase por completo sua pele. A filha do casal, Norma, fica com sequelas psicológicas irreversíveis depois do acontecido.
O médico também se abala muito com a situação e se concentra em criar a “pele perfeita” contra diversos tipos de agressões, misturando pele humana e suína. Um terror sem sustos ou gritos, A Pele que Habito é bem bizarro e consegue despertar a espécie mais primitiva de medo no espectador.
4) Cisne Negro (Black Swan, 2010)
Nina (Natalie Portman) é uma grande bailarina de uma das melhores companhias de balé de Nova York e está prestes a alcançar o papel de protagonista de Lago dos Cisnes. É aí que chega uma garota nova que é aparentemente mais adequada ao papel de Rainha dos Cisnes. Como se não bastasse a pressão profissional que Nina coloca em si mesma, sua mãe também é totalmente obsessiva com a vida da filha e faz o possível para controlá-la.
O filme é complexo e esconde muita informação subliminar. Apenas assistindo diversas vezes (ou pesquisando na internet) é possível realmente entendê-lo. Aronofsky dificilmente joga uma informação sem qualquer explicação de por que ela esta lá. Embora a trama pareça simples (apesar de certamente perturbadora), Cisne Negro já é fascinante superficialmente e fica ainda mais genial quando se procura entender os personagens e suas relações mais profundas.
5) Janela Secreta (Secret Window, 2004)
Quando o escritor Mort Rainey (Johnny Depp) flagra sua esposa o traindo com outro homem, o protagonista se muda para uma casa do lago afastada para relaxar e tentar escrever longe de toda a situação. Em meio a um bloqueio criativo, um desconhecido chamado John Shooter (John Turturro) bate na porta do escritor acusando-o de plágio por um conto antigo.
Talvez, hoje em dia o filme tenha um desfecho previsível pra quem está acostumado com filmes do gênero. Porém, em 2004, foi bem surpreendente. Mesmo sem grandes surpresas, a construção e o desenrolar da trama prendem a atenção e são uma boa introdução para quem não viu muita coisa parecida.
6) Precisamos Falar Sobre Kevin (We Need To Talk About Kevin, 2011)
Eva (Tilda Swinton) sempre teve muitas dificuldades em criar seu filho Kevin (Ezra Miller / Jasper Newell). Desde criança, Kevin era muito hostil com a mãe e realizava atos delinquentes para prejudicá-la. Eva mora sozinha, é sempre maltratada pelas pessoas nas ruas e vive com receio dos estranhos.
De forma não linear, vamos descobrindo as razões pelas quais ela sofre esses ataques e como tudo se originou. Incômodo, com poucos diálogos e muitos silêncios desesperadores, Precisamos Falar Sobre Kevin é um filme agressivo, sem necessariamente mostrar cenas violentas. Um ótimo quebra-cabeças sobre a psique humana.
Baseado na obra de mesmo nome do escritor russo Fiódor Dostoiévski, o filme é adaptado pelo singular diretor Richard Ayoade, de Submarine, que consegue deixar a atmosfera agonizante, mas acrescenta uma dose de bom humor única.
A vida de Simon (Jesse Eisenberg), muito tímido e solitário, muda quando um novo empregado chega à firma em que ele trabalha. O novo rapaz é James (também interpretado por Eisenberg). Completamente oposto a Simon, James é um jovem assertivo e carismático. Ambos são fisicamente idênticos, porém ninguém parece concordar com o fato, exceto o próprio Simon.
Uma obra existencialista, longe de ser chata ou pretensiosa. Richard Ayoade conseguiu muito bem adaptar um clássico da literatura para um filme que é pesado, mas que tem ótimos alívios cômicos (os quais não interferem negativamente na narrativa).
8) Ilha do Medo (Shutter Island, 2010)
Quem perdeu o hype em 2010 não sabe o quão hipnotizante é o filme de Martin Scorsese. Nos anos 50, Teddy Daniels (Leonardo DiCaprio) e seu parceiro Chuck (Mark Ruffalo) são convocados para investigar um desaparecimento em Shutter Island, uma ilha prisional para pacientes psiquiátricos. Os médicos do hospital são resistentes em ajudar os agentes solucionarem o caso, o que deixa o investigador muito suspeito em relação às verdadeiras intenções dos médicos com seus pacientes.
Um filme difícil, que provoca o espectador e tem muitas reviravoltas, Ilha do Medo é referência quando o assunto é thriller.
O primeiro longa-metragem do britânico Christopher Nolan, de A Origem e Interestelar, já apresenta muitas características que o marcariam. Bill (Jeremy Theobald), um jovem escritor, vaga pelas ruas de Londres seguindo estranhos à procura de inspiração para suas histórias. Quando Cobb (Alex Haw), um ladrão e golpista, percebe que está sendo seguido por Bill, ele o confronta e o convence a participar de seus roubos. Um filme fragmentado, Following foi gravado originalmente em 16 mm e teve um orçamento baixíssimo. Mesmo assim, é uma grande obra.
10) Garota Exemplar (Gone Girl, 2014)
Dificilmente alguém ainda não ouviu falar de Garota Exemplar, filme adaptado do livro da escritora Gillian Flynn pelo diretor David Fincher, de Clube da Luta. Nick Dunne (Ben Affleck) volta para casa no seu aniversário de casamento e se surpreende com o sumiço de sua mulher, Amy (Rosamund Pike). O protagonista avisa a polícia do desaparecimento, porém suas atitudes estranhas e algumas mentiras fazem de Nick o principal suspeito da polícia. Garota Exemplar não foi um best-seller por acaso: a trama é, sem dúvidas, envolvente e perturbadora. E rendeu um excelente filme.
11) O Labirinto do Fauno (El Laberinto del Fauno, 2006)
Pouco depois do fim oficial da Guerra Civil espanhola, Ofelia (Ivana Baquero) se muda para Navarra com sua mãe, Carmen (Ariadna Gil). O padrasto de Ofelia é um oficial fascista que luta contra alguns rebeldes da região, onde ainda há resquícios da Guerra. A garota é praticamente a única criança nas redondezas e, por isso, muito solitária. Ofelia se distrai do mundo horrível ao seu redor com histórias fantásticas e passeios pelo jardim de sua casa, onde descobre um labirinto e um mundo mágico.
Porém esse mundo fantástico acaba acarretando consequências na realidade da família toda. Mesmo com todo o elemento fantasioso e lúdico, o filme ainda é muito desconcertante e intenso. Guillermo Del Toro conseguiu criar uma atmosfera em que o infantil encontra diretamente o cruel.
12) O Homem Duplicado (Enemy, 2014)
Uma adaptação do livro de mesmo nome de José Saramago, O Homem Duplicado acompanha o protagonista Adam (Jake Gyllenhaal), um professor que leva uma vida maçante e solitária, mesmo tendo um relacionamento com uma garota, Mary.
Adam descobre, assistindo a um filme erótico, que ele tem um sósia que é ator, Anthony. Ele fica obcecado por Anthony – que, apesar de fisicamente idêntico, inclusive nas cicatrizes, é seu oposto em termos de personalidade. As coisas se complicam quando os rapazes acabam envolvendo seus relacionamentos amorosos na confusão.
Um filme extremamente complicado de entender por si só e cheio de teorias tentando explicar seu desfecho, O Homem Duplicado exige paciência para ser apreciado.