A trilogia Endgame que começou com o primeiro livro O Chamado, chegou ao segundo volume, A Chave do Céu. No primeiro volume conhecemos os doze adolescentes escolhidos para representar a humanidade no Endgame, o jogo controlado por extraterrestres que culminará no fim do mundo como o conhecemos.
Cada jogador representa uma linhagem antiga da raça humana e, apesar de, no livro, eles serem nomeados como Olmeca, Mu, Shang ou Cahokian, por exemplo, percebe-se que eles realmente representam linhagens antigas da História como os celtas ou os astecas. Somente um jogador vencerá o Endgame e quem vencer salva a si mesmo e toda a sua linhagem da destruição que os “Criadores” vão causar ao resto da população.
Os adolescentes não possuem qualquer poder sobrenatural, porém são extremamente ágeis e inteligentes, visto que foram treinados para esse momento desde a infância. No primeiro volume, o objetivo dos jogadores era encontrar a Chave da Terra, conquistada por Sarah e Jago, que formaram uma aliança para vencer o jogo. No segundo volume, o objetivo é encontrar a Chave do Céu. Porém só nove participantes continuam vivos e o número continua caindo.
Assim como Sarah e Jago, outros jogadores decidiram unir forças para chegar ao fim do jogo. Alguns estão se recuperando da batalha que ocorreu no primeiro volume, outros continuam jogando o Endgame e há ainda quem se recuse a obedecer os Criadores e procure alternativas para acabar com o jogo.
Um livro com muitos personagens, sem ter protagonistas evidentes, pode parecer confuso e chato de acompanhar, o que definitivamente não é o caso dessa trilogia. É muito interessante ver os protagonistas serem tão etnicamente diferentes do usual – temos um peruano acompanhando uma americana, que são tão importantes no livro quanto um casal oriental ou um árabe. Isso deixa tudo bem dinâmico e cativante de se acompanhar, já que você acaba torcendo para vários jogadores ao mesmo tempo.
Certamente há influência dos livros recentes que fizeram muito sucesso com essa temática, como Jogos Vorazes, e a comparação é quase inevitável. O que Endgame tem de diferente é a escrita peculiar do autor James Frey. É curioso o modo como a narração, mesmo em terceira pessoa, muda e se adapta aos personagens.
Um livro infanto-juvenil ser bem escrito é algo raro de se ver. Além de que, tirando um ou outro clichê, o autor ainda consegue trazer muita inovação dentro da já exaustiva “jornada do herói”. James Frey é um dos melhores escritores atualmente e já havia lançado grandes livros como A Million Little Pieces e Bright Shiny Morning, ambos sem tradução para o português.
Aparentemente a vida de escritor autoral não foi suficiente e Frey decidiu se aventurar no universo YA. O autor já havia lançado em 2010 a saga dos Legados de Lorien sob o pseudônimo de Pittacus Lore e voltou recentemente com a mesma linha de publicação.
Por fim, Endgame – A Chave do Céu bebe sim da mesma fonte que trouxe diversos sucessos cinematográficos e literários recentemente, mas consegue trazer igualmente muitas particularidades. É uma trilogia fascinante e muito bem escrita que consegue superar todas as outras sagas desde Harry Potter.