Arriscar-se é contagioso
Um estudo californiano mostra que ficar próximo de alguém que gosta de arriscar deixa você mais suscetível a fazer o mesmo
Se na última vez que você jogou baralho, acabou entrando na onda dos que estavam na partida e apostou suas fichas sem pensar muito nas consequências, isso mostra que você é tão normal quanto qualquer outra pessoa. Um novo estudo realizado por pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Califórnia aponta que correr riscos é contagioso.
O estudo pediu para que um grupo de 24 pessoas passassem por três testes. Em um deles, chamado de “Si mesmo”, os participantes tinham que escolher entre pegar 10 dólares, ou fazer uma aposta que, talvez, lhes trouxesse mais dinheiro. Em outro, apelidado de “Observação”, os voluntários tinham que analisar um computador que fazia apostas de risco. A terceira tarefa, nomeada de “Previsão”, consistia em tentar antecipar o comportamento dos computadores apostadores – dizendo quando eles iriam arriscar mais ou menos.
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Os pesquisadores perceberam que os participantes que analisavam um computador mais ousado no teste “Observação” acabavam arriscando mais ao fazer o experimento “Si mesmo”. Eles eram influenciados pelo comportamento das máquinas. “Observando outros correndo riscos, nos tornamos mais suscetíveis a esse tipo de comportamento”, afirma Shinsuke Suzuki, neurologista do instituto e responsável pelo projeto.
Os voluntários também foram examinados em máquinas de ressonância magnética funcional. Com isso, os cientistas conseguiram identificar que a região cerebral conhecida como núcleo caudado, é responsável por determinar quando arriscar mais ou menos. Quanto mais ousado era o comportamento do voluntário, maior era atividade no núcleo, e vice-versa. Também foi notado que, quanto mais o núcleo caudado interagia com outra parte do cerebro, o cortex pré-frontal dorsolateral (responsável pelo aprendizado), mais influenciável se mostrava o voluntário. A descoberta pode ser uma chave para entender porque é mais fácil convencer algumas pessoas do que outras.
O mote do estudo é compreender como as influências ocorrem no dia a dia das pessoas – seja em níveis mais pessoais, como grupos de adolescentes, ou mesmo comportamentos globais, como mercados de ações. “Se pudermos entender como nossos cérebros funcionam em situações sociais, estaremos aptos para assimilar como circuitos cerebrais dão erro, ajudando em questões como ansiedade, autismo e outros transtornos”, afirma Suzuki.
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