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Assim como você, ônibus londrinos estão sendo movidos a café

Um combustível que mistura grãos da bebida com óleo diesel pode diminuir a emissão de poluentes em até 80%

Por Felipe Germano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 21 nov 2017, 18h13 - Publicado em 21 nov 2017, 18h12

Em 1840, a inglesa Anna Maria Russell era duquesa de Bedford (cidadezinha a 80 km de Londres) e grande amiga da então rainha da Inglaterra, Victoria. Nada de marcante para a história, se não fosse o fato de ela ter um apetite particularmente insaciável. A lady não conseguia esperar até as pontuais 19h30, quando o jantar era servido. A saída, então, era bater uma boquinha durante a tarde. Sempre que estava com a duquesa, a soberana pedia para que os criados preparassem uns biscoitinhos e uma xícara de chá, para que a fome da amiga fosse apaziguada. Virou costume até mesmo fora dos palácios reais. Foi assim que nasceu um marco da cultura britânica, a hora do chá. Só que agora, quase 180 anos depois, uma outra bebida está, literalmente, movimentando a Inglaterra. O café está sendo usado como combustível para outro símbolo inglês: os vermelhos ônibus de dois andares.

Atualmente cerca de 9.500 ônibus desse tipo circulam por Londres. Na prática, isso significa que 240 milhões de litros de diesel são queimados anualmente. Um baita problema de saúde pública. O prefeito da cidade, Sadiq Khan, já chegou a afirmar que “anualmente mais de 9 mil londrinos morrem prematuramente por causa da baixa qualidade do ar”. Khan ainda relacionou a poluição com a má formação de pulmões em crianças londrinas e disse que “condições como asma, demência e derrames em adultos, são diretamente ligadas à qualidade do ar”.

A solução está em criar formas menos poluentes de movimentar os ônibus. A mais nova saída é fruto de uma parceria entre a petrolífera Shell e a start up Bio-bean: adicionar grãos de café ao diesel. Um primeiro lote de 6 mil litros de biodiesel foi produzido, e esse montante seria suficiente para alimentar um ônibus durante um ano todo –  menos que um quarto da quantidade de diesel necessária. A ideia é que os produtores passem em cafés espalhados pela cidade e recolham os restos dos processamentos, para misturar com o combustível. Diminuindo também o lixo orgânico proveniente da bebida. “O combustível tem uma alta concentração de óleo, e 20% do peso dos cafés descartados consegue ser reaproveitado”, afirmou Arthur Kay, fundador da Bio-bean, em entrevista ao jornal britânica The Independent “É bastante animador fazer biodísel com esses elementos”, completou.

Mas, se você está ansioso para saber como isso vai afetar o aroma da cidade,  não adianta se animar muito: próxima vez que você for visitar o Big Ben, dificilmente vai sentir um cheirinho de café. Quando misturado com o combustível fóssil, a fumaça saída dos ônibus tende a ser inodor. Infelizmente para os viciados em cafeína, claro.

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