Brasil no pódio
Grupo de estudantes entre 16 e 18 anos participa do torneio mundial de corrida de carros elétricos Greenpower e garante feito inédito ao país
Já imaginou sua escola ou universidade participando, na Inglaterra, de uma corrida de carros elétricos desenvolvidos pelos próprios alunos? Parece sonho, mas essa competição existe desde 1999 na Europa. E, em 2017, teve, pela primeira vez, a participação de uma equipe brasileira. O melhor: há planos para que o Brasil passe a ter seu próprio torneio do gênero. Originário da Inglaterra, o projeto Greenpower hoje inclui eliminatórias em escolas e universidades de outros países, como Estados Unidos, Portugal e Polônia. Este ano, a estreante equipe brasileira Lion Racing BR terminou a corrida em 22º lugar entre 134 competidores. E mais: no quesito Projeto de Engenharia, a equipe garantiu a primeira colocação. O time foi formado por 12 alunos do Colégio St. Paul’s, na capital paulista, com a lideran- ça da dupla Carlos Alberto de Oliveira Andrade Filho, de 18 anos, e Freddy Rabbat Neto, 17. No volante, contou com Felipe Rosset, 16, filho do ex-piloto de F1 Ricardo Rosset.
Para a dupla de idealizadores da empreitada, o apoio do colégio de origem inglesa foi fundamental para o sucesso no circuito. “Foi um resultado sensacional, pois competimos com escolas europeias e americanas que tinham mais de dez anos de experiência”, diz Carlos Alberto. “Eles tiveram um ano para trabalhar nos projetos, enquanto nós só começamos em maio.” A Lion Racing BR competiu na categoria F24+ (estudantes de 16 a 25 anos), a mais disputada. A organização fornece o motor elétrico e a bateria, para equilibrar a prova. Cabe aos alunos fazer esses pequenos carros de corrida renderem o máximo possível. Como fazer isso? Alterando a aerodinâmica do carro, os materiais, o peso, a transmissão, rodas, pneus e outras características mecânicas, sempre mantendo os parâmetros de dimensão estipulados pela organização. Vence quem conseguir completar mais voltas pelo tempo de uma hora em um autódromo profissional. A prova final foi realizada em 8 de outubro, no circuito oval de Rockingham, em Corby, região central da Inglaterra.
Há categorias para estudantes desde o ensino fundamental até universidades. “Eles tiveram a oportunidade de conhecer ferramentas de última geração. A CAOA enxerga nesse tipo de iniciativa um verdadeiro laboratório de talentos”, afirma Wellington Ortiz Jr., engenheiro consultor da CAOA Montadora, que coordenou o time técnico. Para escolas como a St. Paul’s, é uma oportunidade de oferecer aos alunos um ensaio de futuras carreiras. “É uma chance única de trabalhar como se fosse uma empresa”, diz Freddy.
A dupla chefiou a equipe que arregaçou as mangas para o desafio, já que era preciso desenvolver e testar o carro no Brasil em poucos meses, conseguir recursos e levá-lo a tempo para a prova. Para as ideias de engenharia, o time contou com os especialistas da CAOA Montadora e da Edag, empresa alemã especializada em soluções de mobilidade. À frente do time da CAOA estavam o engenheiro- -chefe Marcio Alfonso, responsável pela calibração final do carro, e Wellington Ortiz Jr. Além dos especialistas, a CAOA Montadora também cedeu o campo de provas, em Anápolis, Goiás, para os testes do carro. Já para levá-lo para a Europa, a parceria foi com a DHL.
Empolgados, eles traçam planos para criar no Brasil uma fundação semelhante à do Greenpower. “A ideia é começar com faculdades de engenharia e colégios de origem estrangeira, mas, no futuro, envolver outras escolas num projeto com tanto aprendizado”, afirma Carlos Alberto.