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Facebook admite que deixa seus usuários infelizes

Em um post mea-culpa, empresa cita os efeitos psicológicos nocivos da rede – e anuncia ferramentas que prometem melhorar a experiência na timeline

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
19 dez 2017, 14h40

Poucas empresas podem se dar ao luxo de falar mal dos próprios produtos e saírem impunes. O Facebook é uma delas. No último dia 15, o blog oficial da rede social publicou um texto em que dois pesquisadores – funcionários do próprio Facebook – discutem o impacto psicológico e social de passar o dia com a cara enfiada na timeline.  

A primeira providência deles é admitir que rolar a tela sem rumo, julgando o textão alheio, é mesmo a melhor maneira de ficar na bad. “Nas mídias sociais, você pode passar pelos posts passivamente, como quem assiste TV, ou pode interagir ativamente – mandando mensagens e deixando comentários”, afirma o post. “Exatamente como ocorre ao vivo, interagir com as pessoas com que você se importa pode ser benéfico, enquanto observar os outros de longe faz você se sentir pior.”

Essas conclusões se baseiam em artigos científicos (como este) que mostram que meros dez minutos diários de observação passiva da vida de seus amigos, sem se engajar em nenhum tipo de interação, estão diretamente associados a um estado de humor ruim ao final do dia.

Outras pesquisas (como esta), revelam que olhar seu próprio perfil aumenta consideravelmente a autoestima, principalmente depois que você leva uma bordoada no ego e precisa de um afago. Fuçar o perfil alheio tem o efeito oposto.

O post é uma espécie de mea-culpa, necessária depois que Chamath Palihapitiya – vice-presidente do setor de atração de usuários do Facebook até 2011 – cuspiu no prato em que comeu (não sem razão). “Esse processo de retroalimentação que nós criamos, movido pela dopamina, está destruindo o funcionamento da sociedade”, afirmou o executivo, fazendo menção ao circuito de recompensa do cérebro – responsável por nos viciar em coisas como cigarro e notificações.

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“Eu não posso controlá-los [a empresa]. Eu posso apenas controlar minhas próprias decisões, e é por isso que não uso aquela merda. Eu posso controlar as decisões dos meus filhos, e é por isso eles estão proibidos de usar aquela merda.”

As ácidas declarações acima são só a cereja no bolo de uma maré recente de críticas à empresa, acusada (entre outras coisas) de não tomar providências diante da disseminação de notícias falsas e conteúdo neonazista durante as eleições presidenciais americanas e censurar apelos de uma minoria étnica que está sendo massacrada pelo ditador de Mianmar, país do sudeste asiático.

A tentativa de mostrar serviço fica clara ao final do post, onde são anunciadas medidas que prometem mitigar os malefícios do uso da rede. Uma delas é a ferramenta take a break, que permite ocultar conteúdo relacionado a seu ex logo após um término traumático. Outra é o snooze, que tem função parecida: evitar que notificações de uma página parem temporariamente de alcançar sua timeline, sem que você precise necessariamente descurti-la.

Também foi anunciada uma ferramenta de detecção de prováveis vítimas de suicídio, um bloqueador de conteúdo clickbait e ferramentas para filtrar notícias falsas – que envolvem parcerias com agências de checagem de fatos, além de botões mais eficientes para os usuários informarem a empresa sobre a aparição de conteúdo suspeito.

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