Facebook torna as pessoas mais previsíveis e polarizadas, revela estudo
Rede social tende a reforçar posições de intolerância
A beleza da internet está na circulação de informações em massa, que auxiliam as pessoas a criarem novos pontos de vista, certo? Segundo um novo estudo realizado na Itália, errado. Pelo menos nas redes sociais. Elas não estão deixando ninguém mais inteligente: estão deixando as pessoas mais polarizadas e previsíveis.
A pesquisa, que analisou como as pessoas usam o Facebook, mostrou que a rede social se divide em “caixas fechadas”, cheias de pessoas que pensam igual. Isso reforça as crenças já existentes, e deixa os usuários impermeáveis a qualquer outra informação que não esteja de acordo com o que eles acham que é certo.
A investigação foi focada em dois tipos de página do Facebook: 32 páginas com teorias conspiratórias (que, na maioria das vezes, não apresentam evidência nenhuma), e outras 35 com notícias científicas, baseadas em informações factuais. Durante quatro anos, os pesquisadores analisaram como os usuários dessas páginas, 1,2 milhão de pessoas, se comportaram.
“Nossos resultados mostram que os usuários tendem a compartilhar conteúdo que sustente uma narrativa específica, e ignoram o resto (…) O resultado é a formação de grupos homogêneos e polarizados”, aponta o estudo. Traduzindo: as pessoas tendem a compartilhar posts que confirmam suas crenças – e com amigos que pensam da mesma forma. E isso, em vez de criar um debate, vai reforçando as opiniões que cada um já tinha.
O problema é quando informações sem pé nem cabeça são difundidas. Um indivíduo acredita naquilo que viu em algum lugar, compartilha, o amigo acha que aquela informação é verídica, e por aí vai. E, por estar em um espaço onde todos pensam igual, é considerado inaceitável que alguém não concorde com a postagem, o que gera intolerância e mais desinformação.
O estudo ainda diz: “Os usuários tendem a se agregar em comunidades pelas quais se interessam, o que reforça a segregação e polarização. Isso acontece em detrimento da qualidade das informações, e leva à proliferação de narrativas tendenciosas, fomentadas por rumores infundados, desconfiança e paranoia”.
O Facebook oferece uma possível solução: um botão, no site, pelo qual os usuários podem denunciar informações que claramente estão erradas. O Google também entrou na onda, e supostamente está desenvolvendo um “ranking de confiabilidade”, pelo qual os resultados de buscas seriam ordenados não só de acordo com a popularidade de cada página – mas também com a veracidade do seu conteúdo.