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Ganhar likes no Facebook ativa a mesma área no cérebro que comer chocolate

E mais: o número de curtidas pode "desligar" o seu controle mental e fazer você agir apenas por impulso.

Por Helô D'Angelo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h06 - Publicado em 1 jun 2016, 15h00

Aqui vai uma receita de satisfação imediata: abra seu perfil no Facebook e encontre seu post mais curtido. Agora, apenas olhe para ele por alguns segundos – e você vai ter as deliciosas sensações de missão cumprida e de felicidade. Parece mágica, mas é pura neurociência: conferir o número de curtidas nas suas postagens estimula o cérebro igualzinho às coisas extremamente prazerosas – como ganhar dinheiro, comer chocolate ou conhecer novos amigos. A conclusão é dos neurocientistas da Universidade da Califórnia, que passaram alguns dias estudando a relação entre a popularidade de posts e as respostas cerebrais dos internautas.

O estudo foi assim: 32 adolescentes de 13 a 18 anos observaram 138 fotos no Facebook. Eles podiam escolher curtir ou não cada uma das imagens e, enquanto isso, suas atividades cerebrais eram analisadas por ressonância magnética. Mas havia um truque: os participantes não estavam navegando no Facebook de verdade, e sim em um programa de computador criado pelos cientistas para imitar a interface da rede. Nessa simulação, o número de likes dos posts foi definido antes de a pesquisa começar – metade dos adolescentes recebeu um determinado número de curtidas, e o resto recebeu outro. Entre as 138 imagens, cada jovem topou também com 40 que eles mesmos haviam postado em seus perfis, como selfies e fotos de família (essas, também, tiveram a quantidade de likes alterada).

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Depois de estudar as respostas neurológicas de cada jovem por 12 minutos, os cientistas notaram um padrão: quando uma postagem tinha mais curtidas, uma região específica do cérebro se destacava na ressonância – o núcleo accumbens, que fica bem no centro da massa cinzenta. Esse mesmo ponto é ativado quando comemos doces, ou então quando acabamos de fazer academia: é o responsável pela sensação gostosa de recompensa. 

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A associação ajuda a entender por que o Facebook é tão viciante, mas isso não é novidade – você mesmo comprova isso todos os dias, quando recebe notificações e fica momentaneamente feliz. O que realmente intrigou os neurocientistas é que a decisão de dar like em uma foto era diretamente influenciada pelo número de curtidas que o post já tinha: quanto mais joinhas, mais adolescentes curtiam aquela determinada foto. E isso ficou claro porque, para metade dos participantes, os pesquisadores mostraram uma foto com várias curtidas – e ela recebeu vários likes – e, para a outra metade, a mesma imagem, só que menos curtida – e ela foi desprezada. Isso sugere que os jovens tendem a gostar de conteúdos que sejam populares entre mais pessoas, mesmo que elas sejam desconhecidas.

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Esse comportamento é preocupante, porque os adolescente chegaram a curtir posts sobre coisas “arriscadas”, como álcool, drogas e cigarro, só porque eles pareciam populares em suas timelines falsas. E o pior: ao observar fotos “perigosas” com mais likes, as áreas associadas ao controle cognitivo e à inibição de resposta (ou seja, à racionalidade) não eram muito ativadas – como se os likes tivessem o poder de “desligar” o controle mental das pessoas, fazendo-as agir apenas por impulso, em busca da sensação de recompensa. Que medo.

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