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Mulheres têm mais chance de sobreviver a infarto se atendidas por outras mulheres

Mulheres atendidas por médicos homens têm 1,5% mais chances de morrer. Isso não ocorre necessariamente por negligência – e sim por dificuldade de entender os sintomas no sexo oposto.

Por Ingrid Luisa
Atualizado em 7 ago 2018, 20h42 - Publicado em 7 ago 2018, 20h40

As questões de gênero, hoje em dia, estão presentes em todo lugar, inclusive na medicina. Esse novo olhar visa incluir diferentes dimensões biológicas e socioculturais, e como elas agem sobre mulheres e homens. Assim, a saúde e os cuidados direcionados a cada um podem ser ainda melhores.

Pesquisadores da Universidade de Minnesota constataram mais um exemplo da influência do gênero na medicina: receber atendimento de emergência de um homem ou de uma mulher muda as chances de sobrevivência das pacientes.

O estudo observou um caso específico: ataques cardíacos. Os pesquisadores analisaram registros de mais de 580 mil pacientes do estado da Flórida, nos EUA, que foram admitidos no pronto-socorro com infarto no miocárdio. Os dados iam de 1991 a 2010. Idade, sexo e se o paciente tinha outros problemas de saúde foram analisados, além de variáveis como se o paciente morreu durante a internação e se o médico do pronto-socorro que fez o primeiro atendimento era um homem ou uma mulher.

Os resultados mostraram que, na média, 11,9% dos pacientes que foram à emergência com ataque cardíaco morreram no hospital. Mas a equipe descobriu que, quando o paciente era do mesmo sexo que o médico, sua chance de sobreviver era ligeiramente maior.

Eles também averiguaram o que acontece quando os sexos de médico e paciente são opostos: quando um homem é atendido por uma mulher, os resultados não diferem muito. Mas a recíproca não é verdadeira: quando pacientes mulheres foram atendidas por médicos homens, elas tinham cerca de 1,5% menos chances de sobreviver.

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Se o departamento de emergência tivesse uma proporção maior de mulheres médicas que já haviam tratado ataques cardíacos antes, as chances de vidas aumentavam exponencialmente. Isso, segundo Brad Greenwood, autor do estudo, acontece porque as médicas podem usar sua experiência pessoal com o problema para abordar a situação de outras mulheres de maneira mais precisa.

Isso é importante porque mulheres podem apresentar sintomas ligeiramente diferentes dos dos homens durante um ataque cardíaco. Enquanto a maioria dos caras relata a conhecida dor forte no peito, mulheres podem apresentar náuseas, vômitos, falta de ar e até dores agudas nas costas. Se o médico souber que esses indícios podem anteceder um ataque cardíaco, as mulheres terão mais chances de sobreviver.

A desinformação quanto a isso tem gerado prejuízos: mulheres morrerem mais que homens e são mais mal diagnosticadas quando assunto é um ataque do coração. Os pesquisadores afirmam que os resultados são uma prova de que mais médicas mulheres são necessárias dentro dos departamentos de emergência, e que o treinamento de médicos precisa ser ajustado para garantir que a doença cardíaca não seja vista apenas como um problema masculino e atenda também as demandas específicas femininas.

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