O dono do mundo e o herdeiro do trono
Grandes questões diplomáticas intergalácticas o Oráculo ajuda a resolver. De quebra, cada uma traz sua própria ideia de ouro embutida
por Edição: Felipe van Deursen e Alexandre Versignassi Reportagem: Fronteira – Agência de Jornalismo
Ideia 32: OBLESCÊNCIA DO MAL
“Comprei um iPhone 4 e, na semana seguinte, lançaram o 4S. O Procon não deveria obrigar os fabricantes a dizer qual é a “data de validade” dos smartphones?
Jon Guik,
Nova Cupertino, SP
O Código de Defesa do Consumidor obriga os fabricantes a informar a vida útil dos produtos, assim como de seus softwares, lembra João Paulo Amaral, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). O problema aí é definir o que é “vida útil”. Um smartphone não deixa de funcionar quando lançam a geração seguinte. Mas chega uma hora em que deixam de existir aplicativos para ele. Aí é como se a data de validade tivesse expirado mesmo.
A ideia: Coibir a obsolescência programada, sem inibir a inovação.
Ideia 33: E.T. TELEFONE CASA BRANCA
Se um disco voador pousar no meu quintal e os ETs disserem “Leve-me ao seu líder”, para quem eu levo? Dilma? Obama? Secretário-Geral da ONU?
A. Liendolfo,
Varginha, MG
Na prática, leve logo ao Barack Obama, nosso líder supremo. Segundo Luiz Augusto Faria, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, você deveria levar o diplomático alienígena ao Conselho de Segurança da ONU. Do ponto de vista constitucional e jurídico, os cinco membros permanentes detêm o poder do mundo: Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França. E, dentre eles, quem tem mais poder são os EUA, cujo presidente você sabe bem quem é, a não ser que seja um ET. “Quem decide tudo no Conselho são os EUA”, explica Faria, sem rodeios. É só lembrar que há 10 anos o país invadiu o Iraque mesmo sem a aprovação dos outros membros, deixando a ONU no vácuo, falando sozinha.
A ideia: Uma ONU que represente para valer o mundo todo. Por que, na prática, ainda somos tribais: vale a lei do mais forte.
Ideia 34: HEAVEN. I’M IN HEAVEN
Por que não existe um remédio para deixar sóbrio?
Jadson Canabrava,
Barra do Mé, PB
Existe, mas ainda não é vendido a vocês, pobres mortais bêbados. Cientistas da Universidade da Califórnia criaram uma versão artificial de duas enzimas que atuam no metabolismo do álcool, aumentando a velocidade com que o corpo se livra da birita. Os testes em humanos devem começar em breve, e o remédio começará a ser produzido em dois anos. Aleluia.
A ideia: Evitar bêbados ao volante.
Ideia 35: TRADUÇÃO MUITO LOUCA
Sempre vejo nomes de filmes estrangeiros em português que não têm nada a ver com o título original. Muitas vezes passa até uma ideia errada do que será retratado no filme. Quem escolhe esses títulos?
Rubens Rodolfo Filho,
Hollywood, CE
Quem comete isso é o departamento de marketing das distribuidoras. “Nada de culpar os tradutores por eventuais deslizes”, diz Iuri Abreu, autor do livro Perdidos na Tradução. A tendência no Brasil é criar um título que ajude a vender o filme. Por isso vemos coisas estranhas, do tipo Se Beber, Não Case, filme cuja tradução literal seria “A Ressaca” (The Hangover). O título ficou ainda mais sem pé nem cabeça com o terceiro filme da série, que não tem casamento. Mas, segundo Abreu, “a ressaca” não teria o mesmo apelo comercial. Mesmo assim, Hot Tub Time Machine (“A Banheira-Máquina do Tempo”), que saiu um pouco depois aqui, foi lançado como… A Ressaca (!).
A ideia: Que os títulos traduzidos respeitem mais o original e menos o achismo das distribuidoras.
Ideia 36: GOL É GOL. E VICE-VERSA
Não entendo essa matemática da Libertadores e da Copa do Brasil. A regra faz gol fora de casa valer mais, para incentivar o ataque do visitante. Mas algo me diz que isso só multiplica as táticas retranqueiras. Faz sentido?
Claudia Amarilla,
Assunção, Paraguai
A regra existe desde 2005 na Libertadores e, desde então, a média de gols até subiu entre as oitavas e as semifinais, em que ela vigora. Mas é uma vantagem pequena, menor que a chuteira do pequenino campeão Bernard: nos quatro anos anteriores, a média foi de 2,5. Esse número subiu só 0,2 desde então. Nem dá para ver aumento aí. Para Sérgio Xavier, diretor da revista PLACAR e comentarista esportivo, a regra realmente estimulou a cautela. Afinal, já que o gol fora de casa vale mais, o time visitante é incentivado a se arriscar, fazendo com que o dono da casa se feche mais na defesa. “Com isso, o anfitrião, que nas Libertadores passadas ia que nem louco para fazer gol, não vai tanto”, diz.
A ideia: Que um gol valha um gol. Que dois valham dois. E assim por diante…
Ideia 37: ETERNA DÚVIDA (OU NÃO)
Quem veio primeiro, o ovo ou a galinha?
Alexandre Queiroz,
Três Corações, MG
1. Foi o ovo. É que quem botou o primeiro ovo de galinha não foi uma galinha, mas uma ave parecida.
2. Essa ave produziu um ovo mutante. E o que saiu de lá foi uma galinha. É o que Darwin descobriu.
3. A ideia: Deveriam ensinar evolução direito nas escolas, até que esta pergunta perca a graça.
Ideia 38: PÁ PUM
Se um casal real tiver filhos gêmeos, qual deles será herdeiro do trono?
George,
o rei da Floresta, Floresta
Aquele que nascer primeiro. Caso os gêmeos sejam uma menina e um menino, vai depender de cada monarquia – algumas permitem que apenas o menino seja herdeiro.
A ideia: Acabar com as monarquias e suas idiossincrasias, como essa.
Pergunte ao Oráculo! Escreva para superleitor@abril.com.br com o assunto “Oráculo” e mencione sua cidade e Estado.