Onde cliente vira chef e sarjeta é uma cama – 35,65º N 139,69º L
Shibuya, Tóquio, Japão: nesse bairro boêmio da capital japonesa, funções se invertem - tipo o cachorro que busca o dono no metrô.
Renata Miranda
O garçom traz o prato com as carnes cruas (vaca, frango ou porco), legumes e tigelas de molhos, acende um fogareiro, coloca a panela com água fervendo e pronto. Você que se vire para cozinhar o shabu-shabu, prato criado em meados do século 20 em Osaka, no sul do Japão. Seu nome não quer dizer nada. É uma onomatopeia: shabu-shabu é o barulho que a carne faz ao ser mergulhada na panela.Um dos melhores lugares para experimentar o prato, que aparece no filme Encontros e Desencontros, de Sofia Coppola, é o boêmio bairro de Shibuya, em Tóquio.
A grande estação de Shibuya é o centro nervoso da região. Um morador ilustre do bairro passava por aqui todo dia: Hachiko, cão da raça akita, que caminhava diariamente à estação para esperar seu dono, professor na Universidade de Tóquio, chegar do trabalho. Até que um dia ele não veio. Morreu. Hachiko continuou indo à estação diariamente, no mesmo horário, por nove anos. Tamanha fidelidade rendeu-lhe uma estátua de bronze na entrada da estação. A homenagem virou ponto de encontro nesse bairro em que caminhar é esbarrar com o improvável. Engravatados se misturam a meninas fantasiadas em festas que ocupam três andares de um prédio comercial. Jovens arrumados, saídos das boates, muitas vezes perdem o último trem, e lutam por um lugar na sarjeta, onde dormem até a estação reabrir, nas primeiras horas da manhã. Quem tem dinheiro paga uma boa quantia de ienes nos caros táxis japoneses. Ou se aventura por uma noite nos hotéis-cápsulas da região, construídos justamente com esse propósito.
VÁ – As linhas Yamanote e Saikyo (trem) e Ginza, Hanzomon e Fukutoshin (metrô) passam pela estação de Shibuya.
QUANDO – Entre setembro e outubro, o clima é mais agradável no Japão.