Por que o ministério que cuida da economia se chama “da fazenda”?
É um traço de português arcaico entre os brasileiros contemporâneos
Juliana Elias
Tudo bem que um terço do nosso PIB vem do campo, mas daí a chamar toda a economia de “fazenda” é demais, não? O que em outros países recebeu o nome de “Ministério da Economia” (nome usado durante o governo Collor) ou simplesmente “Tesouro”, como nos EUA, por aqui ficou sendo “da Fazenda” mesmo.
O termo talvez não soasse tão destoante num Brasil em começo de século 19 – quando dom João 6º fugiu para cá, reformulou a colônia e fundou o órgão. “‘Fazenda’ era uma palavra do português arcaico, usada para designar coisas como riqueza, renda, dinheiro”, explica Rubens Ricupero, coordenador da Faculdade de Economia da FAAP e também ex-ministro da Fazenda.
Passados dois séculos, muita coisa mudou no ministério. A atividade central, no entanto continua basicamente a mesma: pegar todo o dinheiro que o governo ganha e decidir a melhor forma de gastá-lo.
Detalhe: o nome “Fazenda” ficou só no Brasil mesmo. Em Portugal, a instituição passou por uma reforma geral ainda em 1910 e foi rebatizada de “Finanças”.