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Prevendo o futuro. Assim é impossível errar

Dois truques de ilusionismo mostram como basta ser suficientemente vago para ter sempre razão.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h50 - Publicado em 31 mar 1997, 22h00

Luiz Dal Monte Neto

Eles são especialistas em cartomancia, astromancia e muitas mancias mais. Aparecem na TV para dizer que o governo terá dificuldades ou que um artista ficará doente. Nenhuma novidade. Sempre que vejo essa turma em ação lembro-me de uma brincadeira. Imagine reunir todos numa sala. Você poderia apostar com eles 5 milhões de dólares contra uma garrafa de champanhe como não seriam capazes de predizer acertadamente se determinado evento (escolhido por você) ocorreria ali nos próximos 5 minutos. A resposta teria que ser dada apontando um de dois cartões (num estaria escrito sim e no outro, não). Feita a aposta, o leitor poderia revelar o evento – “vocês escolherão o cartão não” – e degustar o champanhe. Graças ao paradoxo formado, a previsão estaria errada em qualquer caso. Se eles pegarem o cartão sim, o evento previsto não ocorre e a previsão deles falha. Se eles indicarem o cartão não, o evento ocorre e a previsão também se revela falsa.

Se as previsões do futuro são irritantes, os comentários sobre as do ano anterior costumam ser divertidos. Os adivinhos empreendem ginásticas verbais para que as declarações vagas de ontem pareçam aplicar-se perfeitamente aos fatos ocorridos. A técnica também serve a inocentes finalidades recreativas, como no ilusionismo, por exemplo. Há dois truques com baralho comum que ilustram bem isso. No primeiro, o leitor deve formar dois montes de cartas sobre a mesa, com as faces voltadas para baixo. Um deve ter os quatro setes de um baralho; o outro, sete cartas quaisquer. Naturalmente, os presentes não devem saber disso. Então peça que escolham um dos montes, mas diga que antes irá prever qual deles será escolhido. Escreva num pedaço de papel “vocês escolherão o monte com 7”, dobre-o e dê para alguém segurar. Em seguida, diga para apontarem um deles. Incentive-os a mudar de opinião e permita que o façam quantas vezes quiserem.

Feita a escolha, autorize a leitura da sua previsão. Se escolheram o monte com os quatro setes, vire-o e mostre rapidamente também as cartas do outro, para que vejam que não há nele nenhum sete. Se escolheram o monte com sete cartas, conte-as de frente e apenas esparrame o outro monte sobre a mesa, com as cartas ocultas, para que vejam que nele havia apenas quatro cartas.

Para o segundo truque, o leitor precisará de dois baralhos, um com costas vermelhas e outro com uma cor diferente, digamos azul. Separe o ás de paus do baralho vermelho. Do azul, pegue o dois, o três, o quatro e o cinco de paus e o seis de copas. Sem que a platéia veja as cartas ocultas, ponha-as sobre a mesa como mostra a figura à esquerda. Em seguida, diga que irá prever qual delas será sorteada. Escreva num pedaço de papel: “Você sorteará a única carta vermelha.” Dobre-o e dê para alguém.

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Peça para rolarem um dado e dizerem qual foi o resultado. Se disserem um, diga que o ás (um) foi sorteado. Se falarem dois, conte as cartas da fileira em voz alta, da sua esquerda para a direita, e diga que o ás foi escolhido. Se escolherem três, conte do mesmo modo e aponte o seis como o sorteado. Se disserem quatro, peça para eles contarem (da esquerda para a direita deles) e diga que o seis foi sorteado. Se falarem cinco, novamente eles contarão e chegarão ao ás. Finalmente, se disserem seis, aponte o seis como a carta sorteada. Em qualquer caso, ponha o dado ou outro objeto na frente da carta escolhida (ás ou seis, necessariamente).

Se o escolhido foi o ás, vire todas as outras cartas com a face para baixo e peça para lerem a previsão. Em seguida, vire o ás – a única vermelha. Se o escolhido foi o seis, peça para lerem a previsão e depois vire todas as cartas para cima – o seis será a única vermelha.

Luiz Dal Monte Neto é arquiteto e designer de jogos e brinquedos

Puzzles

Problemas

Receita

Para uma certa receita, Dona Benta precisa de um quarto (1/4) de litro de água, mas conta apenas com duas vasilhas sem graduação de medidas para fazer o cálculo. Quando cheias, elas contêm cinco quartos (5/4) e três quartos (3/4) de litro. Como Dona Benta faz para obter o um quarto (1/4) necessário?

Omelete

Certa ocasião um ladrão de galinhas conseguiu roubar apenas ovos. E quando, na fuga, chutou o cachorro, deixou cair metade do furto mais meio ovo. Depois tropeçou no porco e derrubou metade do que restara mais meio ovo. Finalmente, ao pular a cerca, perdeu metade do que ainda tinha nas mãos mais meio ovo. Na mesma noite, comeu o único ovo que restou. Quantos ovos ele roubou?

Romântico

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Quando garoto, o professor Suplezz, fã fervoroso dos quebra-cabeças, marcou seu amor por Isabel numa árvore da escola. Como era muito tímido, identificou-se como “eu”. Subitamente percebeu que, se aquelas letras simbolizassem dígitos, e se a letras iguais correspondessem dígitos iguais, e a letras diferentes, dígitos diferentes, sua declaração de amor podia ser uma multiplicação. O desenho acabou ficando como se vê na figura ao lado. Quais os números da conta?

Chicletes

Uma nova engenhoca vende chicletes automaticamente. Digitando-se um número de 1 a 9, a máquina expele uma unidade de um dos nove sabores disponíveis. Como descobrir a correspondência entre números e sabores, fazendo-se apenas três pedidos, cada um com cinco chicletes ao mesmo tempo? Naturalmente a ordem em que os doces saem não é necessariamente a mesma em que são pedidos.Puzzles

Soluções

Receita

Dona Benta enche o recipiente de três quartos (3/4) e o despeja no de cinco quartos (5/4). Em seguida, repete o procedimento até encher completamente este último. O que sobrar no recipiente de três quartos (3/4) será exatamente o um quarto (1/4) de que precisa.

Omelete

Raciocinemos de trás para a frente: já que restou um único ovo após cair metade mais meio, então antes da cerca havia x = 1 + 1/2 + 1/2 x, de onde x = 3. Usando o mesmo raciocínio, antes do porco havia y = 3 + 1/2 + 1/2 y, de onde sai y = 7.

Finalmente, antes do cachorro, havia z = 7 + 1/2 + 1/2 z, ou z = 15, que foi o número de ovos roubados inicialmente.

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Romântico

A letra E não pode ser zero, pois B e L também o seriam. Não pode ser 1, porque a conta daria EU. Não pode ser 2, pois não haveria como gerar o produto de três dígitos. Não pode ser 3, nem 4, nem 7, pois nenhum permite gerar o E da terceira linha. Não pode ser 5, nem 6, porque o U teria de ser zero ou 1 e isso tornaria U igual a L ou E igual a L. Finalmente, E não pode ser 9, pois U também teria que ser 9 para gerar o E da terceira linha. Assim, a resposta completa é 85 x 8 = 680.

Chicletes

Uma das saídas é pedir, pela ordem: 11234, 45567 e 26889. Primeiro, descobrimos o sabor relativo à tecla 1, que virá duplicado. Depois, o que corresponde ao 5, que também virá duplicado, e ao 4, o único presente no primeiro pedido. Com o terceiro, definimos o 8, que virá duplicado, o 2, único que está no primeiro pedido, e o 6, presente no segundo. Os sabores que não se repetiram serão os dos dígitos 3, 7 e 9, cada um num pedido diferente.

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