Luís Souza
Depende. O maior problema hoje nem é o carro, mas o brutal tráfego aéreo que chegaria com ele. O sistema atual, com radares e torres de controle, não daria conta de um número realmente grande de aeronaves. Para que todo mundo pudesse ter o veículo dos Jetsons na garagem, alguém teria de “pavimentar” o céu. Quer dizer: montar vias aéreas controladas por computador, capazes de dirigir os carros no lugar dos motoristas. Só assim daria para racionalizar a coisa. Hoje, existe pelo menos um estudo sério sobre isso. Faz 10 anos que a Nasa e outras agências governamentais dos EUA tocam um projeto para deixar os vôos de curta distância mais simples. Não se trata exatamente de preparar terreno para carros voadores, mas sim para aviões pequenos. Guiados por um sistema que automatiza quase todas as funções do piloto, eles ficariam tão fáceis de dirigir quanto um veículo comum. Segundo a agência, em 15 anos o sistema vai estar bom o suficiente para que tenhamos carros voadores pra valer, capazes de pousar suavemente na porta de casa.
A idéia excita a companhia Moller International, que desenvolve protótipos de carros voadores desde os anos 60. A empresa espera que essas estradas aéreas finalmente viabilizem seus carros. E se modelo mais recente da empresa puder ser produzido em série, o preço seria relativamente amigável: cerca de 200 mil reais, equivalente a um convencional de luxo. Mas a própria Nasa prefere manter os pés no chão, literalmente. “Quando você mistura carro e avião, fica com o pior dos dois mundos: um veículo pesado, caro, e difícil de usar”, afirmou recentemente Mark Moore, que dirige o projeto da Agência Espacial. De fato: o da Moller, que ainda está em testes, não sairia por menos de 3 milhões de reais hoje. E, sem as estradas aéreas, exigiria que o motorista tivesse habilitação de piloto. A Boeing também está na jogada: desenvolveu um híbrido de carro e helicóptero, em miniatura. A idéia também é construir um voador com preço de um Mercedes comum. Mas a empresa não vai produzir nada enquanto não houver condições reais de domar o tráfego. Tomar uma fechada a um quilômetro de altura, afinal, não deve ser uma experiência nada agradável.