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Um dia de trabalho por semana é o suficiente para a saúde mental, diz estudo

Pesquisadores britânicos descobriram qual é a dose ideal de trabalho para maximizar o bem-estar psicológico das pessoas

Por A. J. Oliveira
19 jun 2019, 18h22

Temos diretrizes bem definidas sobre a quantidade de vitaminas que devemos consumir ou as horas de sono que precisamos por noite para manter nosso corpo saudável. Em compensação, não fazíamos a menor ideia de qual é a jornada de trabalho por semana ideal para que a nossa mente também se mantenha em sua melhor forma. Pesquisadores britânicos acabam de bater o martelo. E acredite: é bem menos tempo do que estamos acostumados.

Um estudo envolvendo dezenas de milhares de pessoas cravou: um dia de trabalho por semana já é o suficiente para manter a saúde mental. Isso porque o desemprego ou a ociosidade afetam negativamente qualquer pessoa, que fica sem dinheiro e senso de propósito. Por outro lado, ter um emprego remunerado traz uma série de benefícios que transcendem a esfera econômica e se refletem psicologicamente: os principais ganhos são na auto-estima e inclusão social.

A pesquisa, publicada nesta quarta (19) no periódico Social Science and Medicine, descobriu que, quando pessoas desempregadas começam em um trabalho assalariado, o risco de terem problemas relacionados à saúde mental cai 30%. Isso para jornadas semanais de até oito horas. Porém, o efeito não é cumulativo. Os pesquisadores não encontraram nenhuma evidência sugerindo que as 40 horas semanais de trabalho às quais estamos habituados amplifiquem o bem-estar psicológico.

Na realidade, seus resultados sugerem que trabalhar qualquer tempo a mais do que as tais oito horas por semana não traz nenhum benefício extra. Pelo contrário: empregos mais estressantes e com condições mais precárias podem anular toda a parte boa para a saúde mental. Então eles concluíram que ninguém precisa trabalhar mais do que oito horas por semana para se sentir bem. Ao todo, mais de 71 mil voluntários entre 16 e 64 anos tiveram seus dados analisados no período de 2009 a 2018. As informações foram extraídas do banco de dados UK Household Longitudinal Study.

Essas conclusões são particularmente importantes no atual momento em que se discute cada vez mais o futuro do trabalho. Desenvolvimentos na inteligência artificial, big data e robótica trazem a promessa de intensa automatização da força de trabalho. Especialistas acreditam que nas próximas décadas boa parte do trabalho remunerado realizado por humanos passará a ser feito por máquinas. Governos começam a pensar em políticas públicas para essa nova realidade.

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Temas como a renda básica universal despontam como possível solução para manter a economia rodando em um cenário onde os empregos se tornarem escassos. Os pesquisadores oferecem outras sugestões que poderiam ser aplicadas. Basicamente, eles sugerem que todos deveriam trabalhar menos, para que todos tenham a oportunidade de trabalhar. Fins de semana de cinco dias, poucas horas de trabalho diário ou dois meses de férias para cada mês de labuta poderiam dar conta do recado.

De quebra, eles dizem, essas mudanças ainda melhorariam a qualidade de vida das pessoas, a produtividade das empresas e cortariam as emissões de CO2 relacionadas aos deslocamentos para o trabalho. Se eles tiverem razão e os governantes de fato investirem em políticas do gênero, seria um ganha-ganha generalizado. Repensar profundamente toda a mecânica do trabalho pode ser, no final das contas, a única maneira de evitar a implosão do capitalismo como o conhecemos.

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