A floresta da destruição livro jogo para um participante, de Ian Livingstone, produzido pela editora Max-Saraiva, Rio de Janeiro, 1991
Você contorna um imóvel dragão alado e começa a remexer em meio aos detritos espalhados pelo covio do animal. Encontra uma manopla feita de ferra, uma faca de arremesso, dez peças de ouro e um anel também de ouro. Você põe a faca e as peças de ouro também na sua mochila. Você experimentará a manopla? (Vá para 374). Experimentará o anel de ouro? (Volte para a 133). Deixará esses artigos de lado e rumará para o norte, pela trilha? (Vá para a 360).
O trecho acima pode bem ser uma das situações de a floresta da destruição, o terceiro exemplar da serie-jogos, em que o personagem principal é ninguém menos que você mesmo. Digo Pode-se porque a historia não é definida a priori é o leitor que a irá construindo parágrafo por parágrafo, através de opções como as reproduzidas acima. Desse modo, em meio a centenas de parágrafos dispostos sem nenhuma ordem, o leitor irá tecendo gradativamente a sua história. Que poderá ser diferente da minha, ou de muitas outras, já que é pouquíssimo provável que escolhamos a mesma seqüência de parágrafos. A rede de opções foi cuidadosamente planejada para possibilitar inúmeras seqüências, com enredos e desfechos diversos. Algo assim como um livro-caleidoscópio, que, dependendo da forma como você agrupe suas partes, poderá encontrar muitas histórias diferentes. Os mais de 20 livros-jogos de Ian Livingstone e seu sócio, Steve Jackson, surgidos no inicio da década de 80, depois de apenas 4 anos já haviam vendidos mais de 8 milhões de exemplares em 11 idiomas.
Eles são diferentemente baseados no jogo célebre chamado Dungeons & Dragons (masmorras e dragões) que revolucionou o mundo dos jogos na década anterior. Inspirado nos livros de J. R. R. Tolkien, ele se desenvolvia num clima medieval-fantástico e surpreendia a todos ao propor um sistema de jogo inteiramente baseado na imaginação dos jogadores. Os livros-jogos de Ian e Steve são uma espécie de Dungeons & Dragons versão Prêti-à-Porter, infinitamente mais simples e destinados a um único participante. Eles não têm pretensão literária e não almejam ser um jogo nos moldes tradicionais. Se o leitor tivesse isso em mente, poderá passar algumas horas bem divertidas.