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Você só pode contar com quatro amigos de verdade

Cientistas analisaram ligações telefônicas de 35 milhões de pessoas e comprovaram que seu cérebro limita o número de amigos que você pode ter por vez

Por Pâmela Carbonari Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h03 - Publicado em 5 Maio 2016, 20h45

Se você estivesse em uma situação difícil, para quantas pessoas poderia ligar e pedir ajuda? Duas? Dez? Mas e se tivesse que organizar uma festa, de que tamanho seria a lista de convidados? 50? 150? Ter muitos amigos é bom, divertido e faz bem à saúde. Mas, mesmo que você seja uma pessoa bastante empática e agregadora, não é possível ser muito amigo de todos os seus amigos. Temos nossos preferidos e só conseguimos ter quatro amigos íntimos por vez – é o que comprova um novo estudo europeu.

Na Antiguidade clássica, os filósofos achavam que cinco era o número máximo de amigos próximos que alguém podia ter. Nos anos 1990, cientistas britânicos liderados por Robin Dunbar desenvolveram a teoria de que o nosso cérebro limita a quantidade de pessoas importante por vez nas nossas vidas. A lógica era simples: quanto maior o cérebro, maior o círculo social – porque animais com cérebros maiores são capazes de lembrar e, sendo assim, de interagir e se envolver de maneira mais profunda com seus semelhantes. Dunbar criou, inclusive, uma fórmula aproximada para calcular o número de amigos através do tamanho do cérebro.

Escala da amizade

A pesquisa demonstrou que há uma quantidade finita de amigos: 150 pessoas é o tamanho máximo da nossa esfera social. Além disso, cada grupo de 150 pode ser dividido em níveis de proximidade de 5,15,50 e 150 – a camada de pessoas mais próxima e mais conectada tinha apenas cinco amigos.  Ou seja, a escala de Dunhar varia de amigo/irmão que você contaria seus piores segredos a um mero conhecido do trabalho.

LEIA: O segredo das amizades que duram

Call me on my cell phone

Recentemente, Dunbar, que hoje está na Universidade de Oxford, e outros cientistas resolveram encontrar provas mais concretas para a teoria da escala de amizades e descobriram que estamos um pouco mais solitários do que estávamos há 20 e poucos anos. O estudo parece remake, mas é inédito: eles analisaram mais de seis milhões de chamadas telefônicas de 35 milhões de pessoas. Essa quantidade gigantesca de dados rendeu informações curiosas sobre os tipos de contato social que podemos estabelecer.

A equipe assumiu que a frequência das ligações entre duas pessoas é a medida da força e da proximidade do relacionamento entre elas. Para filtrar os telefonemas de trabalho e ligações casuais (como os infames telemarketings), foram incluídas apenas as pessoas que ligam umas para às outras – critério da reciprocidade. Eles contaram o número de chamadas que cada um faz aos seus contatos e usaram algoritmos de agrupamento para procurar padrões dentro dessa base enorme de dados. Os números que surgiram mostram que perdemos alguns amigos com o passar o tempo. A nova escala ficou mais enxuta: 4.1, 11, 29.8 e 128.

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O restante dos resultados encontrados nessa nova edição do estudo é bastante parecido com do estudo original, o que prova a teoria de que o cérebro limita nosso círculo social. O problema do remake é que quem não liga com frequência para os melhores amigos, foi excluído da pesquisa. A esperança é que outra edição das camadas de amizade leve as Facebook, Instagram, Snapchat e outras redes sociais em consideração para mapear outras formas de interação social.

 Se você duvida dessa escala, acha que não tem quatro bons amigos ou que tem muito mais que isso, faça um teste menos complexo que o de Dunhar: ligue para seus amigos no meio da noite, diga que precisa de dinheiro emprestado, carona na cidade vizinha ou de uma mão na mudança. Então conte quantos ajudarão. Poucos e bons.

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