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1% mais rico emite 30 vezes mais que o necessário para conter aquecimento global

A conclusão é de uma pesquisa apresentada hoje (5) na COP26. Cada indivíduo da elite econômica mundial emite 70 toneladas de gases de efeito estufa anualmente.

Por Reinaldo José Lopes
Atualizado em 5 nov 2021, 19h04 - Publicado em 5 nov 2021, 18h56

A concentração de renda está entre os grandes vilões da crise do clima, indica um estudo divulgado nesta sexta (05/11) durante a COP26, conferência climática da ONU que acontece em Glasgow, na Escócia.

Dos anos 1990 para cá, as emissões de gases causadores do aquecimento global ficaram ainda mais concentradas no 1% mais rico da população mundial. Hoje, elas são 30 vezes mais altas do que deveriam ser se a humanidade quiser evitar mudanças climáticas perigosas (limitando o aumento da temperatura a menos de 1,5 ºC em relação aos níveis históricos).

Os dados vêm de um estudo feito pelo Instituto de Política Ambiental Europeia e o Instituto do Ambiente de Estocolmo (Suécia), a pedido da ONG Oxfam. Até 2030, o 1% mais rico estará emitindo 16% do total de CO2 produzido pela espécie humana. Em 1990, eles concentravam 13% das emissões.

Cada indivíduo desse grupo seleto de poluidores estará lançando no ar cerca de 70 toneladas de CO2 anualmente. Já as emissões dos 50% mais pobres da população ficarão em torno de 1 tonelada de gás carbônico por pessoa, por ano. “Uma elite minúscula parece ter ganhado passe livre para poluir”, declarou Nafkote Dabi, coordenadora de política climática da Oxfam.

A situação é preocupante mesmo quando são levados em conta os 10% mais ricos da população mundial. Se eles não restringirem seus padrões de consumo, o limite de emissões necessário para evitar um aquecimento superior a 1,5ºC poderá ser ultrapassado independentemente das ações dos outros 90% da humanidade. Os autores do relatório afirmam que é preciso impor restrições severas aos excessos do padrão de vida dos mais ricos, em setores como os voos particulares de avião e o uso de iates.

Más e boas notícias

Outra má notícia veio de um relatório divulgado pela ONU sobre as trajetórias de emissões rumo ao ano crucial de 2030. Segundo a nova estimativa, a tendência é que no fim da década o mundo esteja emitindo 13,7% mais gases do efeito estufa do que hoje. O grande problema desse número é que, segundo a maioria dos cientistas, evitar mudanças climáticas perigosas depende de uma redução de 50% nas emissões nesse mesmo período.

Os números pessimistas levam em conta a trajetória atual de emissões. É algo que pode ser revertido se os principais países do planeta cumprirem seus compromissos de tornar suas economias neutras em carbono (ou seja, sequestrando ou compensando todo o gás carbônico que emitem) nas próximas décadas. A questão é saber se esses compromissos serão seguidos no longo prazo.

A principal boa notícia foi dada pelo enviado do governo americano para a questão climática, John Kerry. Segundo ele, a colaboração do Japão e de outros fundos do setor privado farão com que, em 2022, já estejam disponíveis US$ 100 bilhões para financiar a adaptação de nações pobres à crise do clima. O dinheiro virá, portanto, um ano antes do que diziam as estimativas mais recentes. Vale lembrar que esse financiamento é para enfrentar os efeitos do problema que já se fazem sentir, e não para reduzir emissões.

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