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COP26: Evento alternativo exerce pressão sobre países em Glasgow

O Encontro das Pessoas por Justiça Climática apresenta propostas e soluções negligenciadas pelas delegações internacionais. Entenda.

Por Salvador Nogueira
Atualizado em 25 nov 2021, 13h56 - Publicado em 7 nov 2021, 18h54

Ao final da primeira semana da COP26, a Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, a realidade vai se assentando de que os compromissos climáticos (salvo algumas boas promessas) por ora ainda deixam a desejar, com  poucas soluções práticas e imediatas.

Em meio a isso, começou neste domingo (7) em Glasgow, onde ocorre a COP26, um encontro climático alternativo, que propõe trazer soluções e propostas negligenciadas entre as delegações internacionais.

O Encontro das Pessoas por Justiça Climática (People’s Summit for Climate Justice) é organizado pela Coalizão COP26, também responsável pelos protestos realizados globalmente no sábado. “Estamos criando um ‘movimento de movimentos’ para aprofundar e remoldar a compreensão da crise climática no norte global através de uma lente de justiça climática”, disse Asad Rehman, cofundador da coalizão e diretor da ONG War on Want.

O Encontro das Pessoas tem uma programação que vai até o dia 10, com eventos online e presenciais (realizados em Glasgow), e qualquer um pode se registrar para acompanhar . O objetivo é trazer vozes e ideias que os organizadores julgam estar ausentes da COP26: a discussão de um novo pacto verde global, o chamado “green new deal”; a responsabilização dos poluidores; a exploração do conhecimento ecológico indígena e o contraste entre a chamada neutralidade de carbono (que envolve promover ações para compensar o que se emite) e o real carbono zero (com o fim das emissões).

Entre os movimentos e as comunidades preocupados com a crise climática, existe a sensação de que, até agora, o que os países reunidos na COP26 fizeram foi o chamado “greenwashing” – a apresentação de metas e números como mera cortina de fumaça, sem de fato tomar iniciativas rápidas e incisivas para transformar a realidade.

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O encontro alternativo de quatro dias traz entre seus participantes indígenas, comunidades que estão na linha de frente da crise climática, sindicatos, grupos defensores de imigrantes e de justiça racial, ONG e representantes da juventude engajada. A esperança dos organizadores é criar pontes entre grupos da sociedade civil dentro e fora das discussões no âmbito da ONU, com o objetivo de construir algo mais unido e poderoso.

“Construir poder fora da COP é essencial se queremos que os líderes mundiais se responsabilizem dentro dela, forçá-los a fazer o que sabemos que precisa ser feito”, afirma Rehman.

No total, o encontro promove mais de 200 eventos, entre painéis, tribunais populares, workshops e performances artísticas, em diversos locais espalhados por Glasgow e em ambientes virtuais. Os tópicos são diversos, mas interconectados, como saúde, conhecimento tradicional indígena, gênero, energia nuclear, direito à terra, soberania alimentar e empregos verdes.

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Clima pesado na COP26

O fim da primeira semana marcou a conclusão das discussões técnicas – sem que os pilares de um grande acordo pudessem ter sido desenhados. O otimismo dos primeiros dias foi se convertendo em tensão, e agora caberá aos líderes políticos, a partir da próxima segunda-feira (8), afinar o discurso e tentar fechar algo de relevante para este ano – ou deixar tudo escapar para o próximo.

O principal foco da discussão é o de quem deve pagar a conta pela transição do mundo para a independência dos combustíveis fósseis. Ainda não há acordo sobre como deve funcionar o chamado “mercado de carbono”, em que países podem pagar por suas emissões ou receber por promoverem atividades que retiram carbono da atmosfera.

Há ainda questionamentos sobre como será organizada a distribuição dos US$ 100 bilhões anuais que os países ricos pretendem destinar aos que estão em desenvolvimento para bancar as transformações necessárias. Aliás, não há acordo sequer sobre esse valor, definido em 2009 e confirmado em 2015, mas que hoje é considerado defasado por várias delegações, inclusive a do Brasil.

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