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Metrô de Londres recomenda: não deixe a esquerda livre

Não andar nas escadas reduziu em 30% das filas nas estações.

Por Ana Carolina Leonardi
Atualizado em 31 out 2016, 18h59 - Publicado em 15 jun 2016, 18h45

Se você já andou de metrô no Rio de Janeiro ou em São Paulo, deparou-se com avisos que suplicam: “deixa a esquerda livre”. Para quem está por fora, não é nenhuma declaração política e sim uma regra de etiqueta própria do transporte público. Quem não quer andar na escada rolante fica na parte direita do degrau, deixando o lado esquerdo para quem está com pressa e quer subir andando.

A regra da esquerda é usada para tudo na Inglaterra, trem, aeroporto e até calçada: desacelerar o passo do lado errado é tiro certo para escutar um xingamento com sotaque britânico. Só que, agora, o metrô de Londres está dando um nó na cabeça dos passageiros: passou a ser obrigatório formar fila dupla na escada rolante.

O “Tube”, apelido do metrô londrino, é um exemplo mundial de transporte público eficiente, mas algumas estações são igualmente ou até mais lotadas que o metrô de São Paulo – a rede já opera bem perto do seu limite máximo de passageiros.

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Para tentar diminuir as filas que se formam na entrada das escadas quando o fluxo de pessoas fica afunilado, o departamento de transportes tem feito o possível para evitar que os passageiros subam andando. Pintaram pegadas nos degraus e criaram um holograma, projetado em papelão, pedindo que os passageiros se distribuam dos dois lados da escada rolante. A atendente projetada conta piadas sobre ficar de pé (stand, em inglês) e canta “Stand by Me”, do Ben E. King, “I’m Still Standing” do Elton John, além de fazer biquinho.

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O teste está acontecendo na estação Holborn, uma das mais lotadas da cidade nos horários de pico. Até agora, o departamento notou uma redução de 30% nas filas. A ideia é estimular a fila dupla, sem deixar espaço livre para ultrapassagens, em todas as estações com mais de 18 metros de profundidade.

A medida impede os passageiros apressados de chegarem mais rápido lá em cima, mas faz todo sentido para o coletivo. Em Helborn, o passageiro enfrenta 23,41 m de escadas até a superfície e, com isso, a maioria das pessoas escolhe não subir andando. Resultado: muito mais gente fica embaixo, esperando para subir do lado direito, enquanto uma minoria passa a milhão do outro lado.

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O cálculo feito pelo departamento de transporte foi o seguinte: quando as pessoas andam na esquerda, a escada acomoda 81,25 pessoas por minuto. Quando todo mundo para dos dois lados, a capacidade sobe para 112,5 – e é esse aumento que está fazendo diferença nas filas lá embaixo.

O que os técnicos ingleses calcularam o brasileiro já faz por instinto. Na estação Pinheiros do metrô de São Paulo, a mais profunda da rede, em horários de pico tentar andar na escada é uma tarefa impossível. Provavelmente, a inércia é menos por eficiência e mais por desânimo: haja pique para subir andando os 30,95 metros.

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