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Antes da abóbora, o símbolo do Halloween era o nabo

Para os antigos irlandeses, os rostos esculpidos em vegetais espantavam os espíritos ruins na transição do outono para o inverno.

Por Caio César Pereira
31 out 2023, 19h23

O símbolo mais característico do Halloween nem sempre foi a abóbora. Na verdade, entre o século XIX e o começo do século XX, vários outros vegetais eram esculpidos, como batatas, rabanetes, beterrabas e, principalmente, nabos.

A tradição de esculpir rostos em vegetais, como a abóbora, era parte do festival pagão Samhain, uma festividade celta que data dos primórdios do Halloween, mais ou menos 2 mil anos atrás na Grã Bretanha. Naquela época, os celtas comemoravam o fim do verão e a chegada do inverno, em uma data que caía em 1º de novembro: o ano novo celta. 

O dia 31 de outubro e 1 de novembro correspondiam ao período de transição de uma estação para outra, do equinócio de outono para o solstício de inverno. Para os celtas, durante esses dois dias o portal que separa o mundo dos vivos e dos mortos se encontrava aberto, de forma que os espíritos vinham aprontar por aqui.

Como uma forma de proteção e de espantar os maus agouros, as pessoas passaram a esculpir rostos em vegetais, como o nabo, e a colocar velas dentro deles. Esses nabos esculpidos eram colocados perto das portas das casas para espantar os espíritos, ou serviam como lanternas para as pessoas caminharem na escuridão. E, vamos combinar, um nabo esculpido é bem mais assustador do que uma abóbora.

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Um molde de gesso de uma escultura de
(National Museum of Ireland/Reprodução)

Foi na Irlanda, inclusive, que surgiu a lenda do Jack O’Lantern (Jack da Lanterna). A lenda dizia que Stingy Jack era um bêbado malandro que enganou o diabo várias vezes. Quando ele finalmente morreu (de beber), teve sua entrada no Céu e no Inferno negadas, e ficou condenado a vagar eternamente pela Terra. 

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“As lanternas de metal eram bastante caras, então as pessoas cavavam os vegetais. Com o tempo, as pessoas começaram a esculpir rostos e designs para permitir que a luz brilhasse pelos buracos sem apagar a brasa”,  diz Nathan Mannion, curador sênior no EPIC: The Irish Migration Museum, à National Geographic.

Foi somente nos EUA que passaram a esculpir a abóbora no lugar dos nabos. Por ser um vegetal já ligado ao período da colheita (e mais comum que o nabo), a abóbora passou a ser utilizada e está por aí até os dias de hoje.

Os costumes mudaram com o passar do tempo, mas a tradição de esculpir vegetais, como a abóbora, se mantém como um dos principais símbolos da festividade.

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