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As resoluções de Ano-Novo da escritora Virginia Woolf

A autora de "Mrs. Dalloway" registrou desejos para o ano que começava nos diários que escreveu até o fim da vida – que terminou com um suicídio.

Por Alexandre Carvalho
Atualizado em 12 jan 2023, 18h42 - Publicado em 26 dez 2022, 18h08

Uma das maiores escritoras de todos os tempos, autora de romances modernistas consagrados, como Mrs. Dalloway, As Ondas e Orlando, a britânica Virginia Woolf (1882–1941) também manteve, durante anos, o hábito de falar de sua vida em diários. 

Deixou 26 volumes desse tipo escritos à mão, e ia além do mero relato do seu cotidiano: ela aproveitava esses textos para aprimorar sua técnica, o que teria reflexo em seus livros publicados. 

Pelo menos em duas ocasiões, Woolf falou sobre suas resoluções de Ano-Novo nos diários. 

No dia 2 de janeiro de 1931 ela escreveu: 

“Aqui estão minhas resoluções para os próximos três meses.

Não ter nenhuma. Para não ser amarrada por elas. 

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Ser livre e gentil comigo mesma, não levar isso a festas: sentar-me em particular lendo no estúdio.

Fazer um bom trabalho em As Ondas [seu livro lançado naquele mesmo ano].

Parar de me irritar pela garantia de que nada vale a irritação. 

Às vezes ler, às vezes não ler.

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Sair, sim – mas ficar em casa apesar de ser convidada.

Quanto a roupas, comprar boas.”

Já em 4 de janeiro de 1936, mais uma declaração de resoluções:

“Ler o menor número possível de jornais semanais – até acabar Os Anos [livro que lançaria em 1937];

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para encher meu cérebro só com livros e hábitos distantes;

totalmente ser a mais essencial e a menos superficial possível, mais física e menos apreensiva possível.”

Com cinco anos de distância entre eles, seus desejos para o ano que começava revelam uma escritora com o mesmo foco no trabalho, buscando ter mais simplicidade na vida. E também bem-estar, que era algo de que ela necessitava bastante.

A última vez que escreveu num diário foi em 1941, quatro dias antes de se suicidar. Virginia Woolf pôs fim à vida entrando num rio com pedras pesadas nos bolsos do casaco que vestia. Isso para que o peso na roupa não lhe devolvesse à superfície das águas, já que sua intenção era se afogar. Uma resolução que a escritora (que sofria de depressão) finalmente conseguiu cumprir.

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