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Não é só o “Besouro Azul”: por que o escaravelho aparece em tantos lugares?

Para os egípcios, o inseto representava renascimento e imortalidade. Entenda como o símbolo era usado – e em quais outras produções pop ele aparece.

Por Leo Caparroz
Atualizado em 21 ago 2023, 15h14 - Publicado em 17 ago 2023, 16h58

Nesta quinta (17), estreia nos cinemas Besouro Azul, o primeiro filme da DC Comics protagonizado por um personagem latino.

Xolo Maridueña (o Miguel de Cobra Kai) vive Jaime Reyes, um jovem recém-formado na faculdade com dificuldade em arranjar emprego. Ele mora com a família na fictícia Palmera City (um arremedo de Miami, mas que fica na fronteira entre o Texas e o México). Não é uma vida fácil – e tudo piora quando um misterioso objeto alienígena cai nas mãos de Jaime.

O artefato (entregue a ele por Jenny Kord, interpretado por Bruna Marquezine) possui o formato de um escaravelho e dá superpoderes ao rapaz, que passa a vestir uma armadura capaz de conjurar qualquer tipo de arma. O problema: o objeto está na mira de uma corporação maligna, e cabe a Jaime evitar que eles consigam obtê-lo.

Captura de tela do trailer de Besouro Azul (2023).
O escaravelho que deu os poderes a Jaime foi, acidentalmente, entregue por Jenny. (Youtube/DC/Reprodução)

“Besouro” ou “escaravelho”?

Apesar do nome do filme, os personagens se referem ao artefato como “escaravelho”. Por quê?

A resposta é simples: escaravelhos são um tipo de besouro. “Besouro” é um termo genérico para insetos da ordem Coleoptera, enquanto um “escaravelho” é um membro de uma categoria abaixo dela, a família Scarabaeidae. Eles são conhecidos O nome “escaravelho” tem origem na palavra grega “kárabos” e quer dizer… “besouro”.

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Os escaravelhos têm antenas curtinhas e o corpo compacto. Talvez o exemplo mais conhecido seja o besouro-rola-bosta. Até existem besouros azuis na natureza, mas com uma anatomia diferente:

Imagem do besouro Fulcidax.
(Fotografia de Pedro Cattony, tecnologista no Laboratório Estratégico de Diagnóstico Molecular do Instituto Butantan, em parceria com os fotógrafos Guilherme Correia e Paulo César, que fizeram o registro no Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo/Divulgação)

 

Importância mitológica

O escaravelho era um animal sagrado na cultura egípcia. Da mesma forma que alguns escaravelhos rolam bolas de excrementos, acreditava-se que a divindade Khepri (representada por um homem com uma cabeça de escaravelho) rolava o Sol pelo céu todos os dias.  Por cuidar do nascer do Sol, Khepri (e, por consequência, o inseto) são representações do renascimento e da imortalidade.

Escaravelho sagrado sob fundo branco
Escaravelho-sagredo (“Scarabaeus sacer”), uma espécie importante para os egípcios. (wikipedia/Reprodução)
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Os egípcios também confeccionavam amuletos no formato de escaravelho. Geralmente feitos com pedra-sabão, eles traziam escritos ou desenhos. Alguns eram apenas ornamentos, enquanto outros tinham funções “especiais”, como nas bandagens de múmias, em que faziam as vezes de “coração” do morto) Eles acreditavam que, dessa forma, estariam expurgando os defeitos humanos (medo, fraqueza e desejo) e lhe atribuindo um novo (e purificado) recomeço.

Havia também selos de argila na forma de escaravelho. Suas inscrições normalmente eram lemas referindo-se a lugares e divindades ou votos positivos ou palavras de amizade.

Outros escaravelhos na cultura pop

Um exemplo famoso é o livro O Escaravelho do Diabo, escrito pela brasileira Lúcia Machado de Almeida. Ele foi publicado originalmente em capítulos na revista O Cruzeiro, em 1956, mas fez sucesso ao ser relançado pela série Vaga-Lume, em 1974. A trama gira em torno da morte misteriosa de Hugo, que havia recebido um pacote com um escaravelho no dia anterior.

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Em A Múmia (1999), filme estrelado por Brendan Fraser, os escaravelhos são descritos como “comedores de carne humana”, que podem ficar “anos se alimentando da carne de um corpo”. Eles ficam paradinhos, parecendo pedras com suas carapuças brilhantes, até alguém pegar um na mão. Então, eles se transformam e entram pela pele da pessoa, até chegar no cérebro e matá-la.

Até existem besouros que comem carne, mas eles não sujam as próprias mãos (ou patas): só se aproveitam de animais mortos. Mas a dieta é vasta: a família Dermestidae, por exemplo, alimenta-se de tecidos orgânicos como livros velhos, carpetes e lã.

(Besouros, aliás, podem ser uma mão na roda para arqueólogos e cientistas forenses: os insetos se alimentam da carne de algum corpo e “limpam o terreno”, sem danificar os ossos que serão analisados posteriormente).

Quem também parece gostar de besouros é a banda Journey, famosa pelo hit “Don’t Stop Believin’”. Várias capas de álbuns da banda tem imagens de escaravelhos de diferentes tipos.

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Besouro Azul se junta a essa gama de casos da cultura pop com a imagem de um escaravelho. No filme, ele foi encontrado durante uma escavação no Egito – qualquer coisa além disso é spoiler. 

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