Fungos direcionam o ataque de besouros a árvores
Os insetos trabalham em conjunto com os fungos, que os atraem para árvores infectadas
Infestações do besouro europeu Ips typographus colocaram milhões de coníferas do continente em risco. Através de um novo estudo, cientistas acreditam que fungos podem estar ajudando os insetos a atacarem as árvores.
Segundo a pesquisa, os besouros são capazes de farejar compostos aromáticos que os fungos produzem quando quebram a resina da árvore. Isso funciona como um atrativo para que eles encontrem os alvos ideais para se alimentar e procriar.
Essa espécie de besouro é nativa da Europa e tem aproximadamente 5 milímetros de comprimento. Esses insetos são capazes de destruir árvores maduras rapidamente por atacarem em bando, sobrecarregando as defesas da árvore – além de uma mãozinha dos seus amigos fungos, já que os besouros atacam preferencialmente árvores infectadas.
Pesquisas anteriores já haviam mostrado que esses besouros identificam seus comparsas fúngicos dos gêneros Grosmannia, Endoconidiophora e Ophiostoma através de compostos químicos. A novidade é que esses fungos metabolizam compostos de resina do Espruce-da-Noruega (Picea abies), a árvore hospedeira do besouro, e alteram o seu aroma para algo atrativo aos insetos.
A equipe de pesquisadores realizou uma série de testes em laboratório com besouros e amostras de casca da árvore para descobrir quais sinais químicos os besouros usam para encontrar os alvos infectados.
Eles descobriram que o fungo Grosmannia penicillata decompõe os produtos químicos na resina da casca em novos compostos, e que doze dias depois da infecção, esses compostos já eram a maioria dos produtos químicos exalados pelas amostras da casca.
Os I. typographus têm neurônios olfativos especialmente dedicados a esses compostos oxigenados. Assim, os odores específicos na casca atraíam os besouros – besouros fêmeas, em particular, estavam mais interessados nos feromônios na casca quando fungos simbióticos estavam presentes.
Esses compostos podem ajudar os besouros a determinarem se um fungo está presente, qual o nível de proteção da árvore hospedeira e a localizar possíveis locais de alimentação e reprodução.
“A capacidade do fungo de metabolizar os componentes da resina originalmente produzidos pela árvore como forma de defesa, pode indicar quais fungos são virulentos e podem servir como bons parceiros para o besouro”, diz Jonathan Gershenzon, um dos pesquisadores do estudo.
O que é usado pelos besouros como um arma poderosa, também pode ser uma ferramenta para combater suas invasões.
Atualmente, os métodos de controle de pragas usam apenas feromônios de besouros para atrair as vítimas, o que não é sempre tão eficaz. Adicionar produtos químicos fúngicos à mistura pode ser a chave para atrair mais besouros às armadilhas de feromônio e salvar mais árvores de ataques.