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Demogorgon: por trás do monstro de Stranger Things

Onde vive? Do que se alimenta? E quem interpretou o monstro da série? (cuidado: contém spoilers)

Por Helô D'Angelo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h06 - Publicado em 17 ago 2016, 19h45

O Demogorgon de Stranger Things é uma das criaturas mais horripilantes dos últimos tempos. Carnívoro e feroz, ele consegue viajar através das dimensões e arrastar suas presas para uma morte lenta e cruel – e mata a gente do coração cada vez que aparece por trás do papel de parede de Joyce. Se você também fica arrepiado quando o bicho está por perto na série, talvez te acalme saber que ele não passa de um robô gigante, controlado por mais de 20 motores e por um ator com muita experiência no universo da ficção científica e do terror.  

Quem usa a máscara (e a fantasia completa) do Demogorgon é o performer e coreógrafo Mark Steger, que já encarnou um infectado em Eu Sou a Lenda e um alienígena em Homens de Preto 2, além de ter coreografado a série American Horror Story e o filme Guerra Mundial Z. Fanático por monstros, o cara começou a se interessar por performance nos anos 70 e, em 1989, fundou um grupo performático chamado Osseus Labyrint, uma “manifestação de bilhões de anos de evolução e recombinação de matéria e energia”, como eles se descrevem. Parece piração, mas aos poucos o grupo foi abrindo caminho no mundo artístico: começaram com o clipe da música Schism (2001), da banda Tool, até conseguirem papeis de ETs em Homens de Preto 2.

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Depois de Eu Sou a Lenda, Steger atraiu bastante atenção para si – e foi aí que os irmãos Duffer, criadores de Stranger Things, convidaram-no para interpretar o Demogorgon. “Basicamente, me disseram que eu era um tipo de tubarão que podia viajar através das dimensões para me alimentar”, disse ele em entrevista à Vice. “Então, eu me imaginei como essa criatura que não evoluiu muito ao longo dos anos, porque já é perfeita no que faz”. 

Está vivo!
Criar um monstro tão complexo levou um tempão: foram três meses de trabalhos da Spectral Motion, uma grande empresa de efeitos especiais de Los Angeles – responsável por produções como Hellboy, O Labirinto do Fauno e Pacific Rim. O primeiro passo dos artistas foi escanear o corpo inteiro de Steger, e criar um modelo em tamanho real sobre o qual esculpiram o monstro com mais liberdade. “Foi a roupa de criatura mais complexa que eu já usei”, ele disse ao The Verge.

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A ideia do Demogorgon veio dos monstros de filmes de terror da época em que a série se passa: A Coisa, Alien – o Oitavo Passageiro e Tubarão. Essas referências ficam claras porque o monstro, assim como nesses filmes, demora a aparecer – o que ajuda a construir um clima de suspense -, e também porque, exatamente como nos anos 80, o monstro não tem quase nada de efeitos de computador. 

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É isso aí: o monstro é praticamente inteiro “de verdade”. Para começar, Steger ficava a 25 cm do chão, erguido por estacas de metal. Os braços longos e as mãos eram como fantoches, que o ator manipulava de dentro, com as próprias mãos. E a cara do monstro, com as “pétalas”, era movida por um motor ou, dependendo da cena, por um assistente de produção – um exemplo é a passagem em que o monstro se alimenta do veado na floresta: enquanto Steger atuava com o corpo, um assistente abria e fechava a boca do bicho. 

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Ao todo, o monstro tinha 26 motores e várias baterias, que animavam os braços, as pernas e a coluna do Demogorgon por controle remoto. Tudo isso fazia tanto barulho dentro da fantasia que ficava difícil para o ator ouvir a direção. “Eles tinham que gritar para que eu talvez ouvisse”. 

Claro, o monstro passou por um tratamento digital – por exemplo, para apagar os olhos do ator quando as “pétalas” se abrem, ou para adicionar aquela camada de muco que o Demogorgon tem na pele. Mas a maior parte do bicho foi realmente feita na raça: “Eu era parte máquina, parte humano, animando a coisa toda. Era bem complicado”, contou à Vice.

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Apesar da complexidade da criatura, colocar a fantasia não era assim tão demorado: levava cerca de 40 minutos, mesmo quando o ator tinha que colocar a fantasia inteira – e olha que Sterger já enfrentou 16 horas na cadeira de maquigem, para filmar o clipe de Schism, a produção mais demorada da carreira do ator. 

Encarnar o monstro podia até não ser um problema, mas o esforço físico tornava tudo mais difícil. Isso porque o calor dentro da fantasia – que pesava 13 kg – era escaldante, e ela era apertada como uma daquelas roupas de mergulho. Por isso, Sterger precisava de muita energia, mas também não podia comer nada que o deixasse inchado: “Eu vivia a base de batatinhas e muita água. Como sou um cara magro, queimo energia muito rápido, o que piorava tudo. Passar mal era muito fácil”, contou à Vice.

Justamente por isso, a parte mais complicada, segundo o ator, foi lutar contra os atores Joe Keery (Steve), Charlie Heaton (Jonathan) e Natalia Dyer (Nancy): “Eu apareço, sou baleado, me batem, eu piso em uma armadura de urso e colocam fogo em mim. Claro, filmamos em partes, mas como alguns takes eram longos, foi difícil demais”, disse ao The Verge.

Por enquanto, o ator não sabe se retornará para a próxima temporada da série – mas disse, também, que ficaria muito feliz em viver o monstro bizarro de novo.

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