Leonard Bernstein: conheça a vida e obra do compositor do filme “Maestro”
Um dos grandes regentes musicais do século 20 ganhou uma cinebiografia em 2023 (e que chega na Netflix em 20 de dezembro). Saiba mais sobre sua história e importância.
Ainda há espaço para mais alguma biopic esse ano? Sim – e essa é a aposta da Netflix para a temporada de premiações. O filme Maestro, que já passou em festivais (como o de Veneza) e teve estreia limitada em alguns cinemas, entra para o catálogo do streaming em 20 de dezembro.
Estrelado e dirigido por Bradley Cooper (Se Beber, Não Case, Nasce Uma Estrela), o filme é um retrato do americano Leonard Bernstein (1918-1990), um dos principais nomes da música clássica no século 20.
Você pode nunca ter ouvido falar de Bernstein, mas certamente já assistiu ou ouviu alguma coisa feita por ele – um dos grandes responsáveis por popularizar a música erudita, gênero por muito tempo considerado algo pertencente à elite.
Do começo
Leonard Bernstein nasceu na verdade como Louis (por insistência de sua avó), em 25 de agosto de 1918, em Lawrence, Massachusetts. Filho de imigrantes judeus ucranianos, desde muito criança começou a dar seus primeiros passos no mundo da música. Quando ainda menino, passou a ter aulas de piano nas prestigiadas escolas Garrison e Boston Latin.
Na adolescência, após a morte da avó, mudou oficialmente seu nome para Leonard. Cursou música na Universidade de Harvard e, antes mesmo de se formar, começou sua carreira como regente. Sua estreia “não-oficial” foi quando dirigiu uma composição própria na peça “The Birds” e participou da produção de “The Cradle Will Rock” de Marc Blitzstein – na qual dirigiu e também atuou.
Depois de se formar em Harvard, em 1939, Bernstein foi para o Instituto de Música Curtis, na Filadélfia, um dos conservatórios musicais mais tradicionais do mundo. Lá, estudou piano com professores renomados, como Isabella Vengerova, Fritz Reiner e Randall Thompson.
Sua carreira como regente começou oficialmente em 1943, quando foi nomeado Assistente de Regência da Filarmônica de Nova York. Foi lá, nesse mesmo ano, que Bernstein teve que substituir o maestro Bruno Walter em um concerto na Carnegie Hall. Assim, conduziu a Filarmônica de Nova York com apenas 25 anos (de fazer inveja em todo primo nas festas de fim de ano).
O ápice da carreira
Dois anos depois, em 1945, ele assumiu o posto de Diretor Musical da Orquestra Sinfônica da Cidade de Nova York, cargo que ocupou até 1947. Alguns anos depois, em 1958, foi nomeado Diretor Musical da Filarmônica de Nova York, conduzindo mais concertos com a orquestra do que qualquer um de seus predecessores (mais da metade de suas gravações foram feitas com a Filarmônica).
Berstein ainda veio a viajar o mundo como regente, de Londres a Tel Aviv. Ele ainda foi o primeiro americano a reger uma ópera em Milão, na Itália. No país da bota, aliás, ele conduziu o clássico “Medea” de Cherubini, se tornando o primeiro americano a reger uma ópera no Teatro Alla Scala.
No campo da regência e orquestra, suas principais obras foram Symphony No. 1: Jeremiah, de 1942 (sua primeira sinfonia, influenciada por suas raízes judaicas), Candide, de 1956, uma opereta baseada em uma novela de do escritor e filósofo francês Voltaire. Em 1954, ele lançou a Serenade after Plato’s Symposium, uma composição de violino, cordas e percussão sobre os diálogos de Platão.
Bernstein também se destacou como compositor de obras teatrais. Nessa área, uma de suas principais obras foi a peça Mass, de 1971, feita para a inauguração do Centro John F. Kennedy de Artes Cênicas.
A mais famosa de suas obras, no entanto, foi na área dos musicais. Ele é o autor de Amor, Sublime Amor (ou West Side Story, de 1957), uma readaptação da clássica história de Romeu e Julieta. A trama se passa nos anos 1950, em Nova York, e conta o trágico romance entre Tony, um rapaz branco, e Maria, uma garota porto-riquenha.
O musical é um dos maiores clássicos da Broadway e ganhou duas adaptações para o cinema. A versão de Robert Wise, de 1961, e a mais recente de Steven Spielberg, em 2021.
Bernstein não foi o responsável apenas por moldar o cenário musical contemporâneo americano, como também quebrar a barreira entre a música clássica e a popular. Ele é lembrado não apenas pela sua composição e regência, mas também como um embaixador da música clássica para o público em todo o mundo.