Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Livro da semana: “Humanos: uma breve história de como f*demos com tudo”, de Tom Phillips

Um compêndio épico (e cômico) de situações em que a humanidade fez tudo errado – o que é, claro, quase sempre.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 9 jun 2021, 18h00 - Publicado em 9 jun 2021, 17h23

“Humanos: uma breve história de como f*demos com tudo” | Clique aqui para comprar

Caso o título não fale por si só, adiantamos que este não é o livro mais indicado para quem não gosta de palavrão. Ao longo de 190 páginas – que passam rápido feito uma série maratonada na Netflix –, o jornalista Tom Phillips, diretor editorial do Buzzfeed em Londres, faz um rasante sobre a história da civilização, pinçando casos em que seres humanos de todas as etnias, classes e credos se mostraram pródigos em fazer m*rda.

O livro é uma cruza de aula de história com transcrição de show de stand-up. Há uma piadinha boa em cada página; em alguns trechos, a concentração sobe para uma por parágrafo.

Logo de cara, o leitor relembra a história de Lucy, a fêmea de australopiteco cujo crânio, um marco da arqueologia, veio a simbolizar nosso elo evolutivo com os demais primatas. Tom Phillips lembra que só a conhecemos porque ela caiu da árvore em que estava – e morreu.

De fato, somos ótimos em morrer. No século 9, Sigurd, um conde nórdico poderoso, decapitou um inimigo e cavalgou de volta para casa com a cabeça pendurada em sua sela, como prêmio. Os dentes do morto arranharam a perna de seu algoz, que morreu com uma grave infecção. É um caso único de militar morto por um inimigo que… bem, já estava morto.

Continua após a publicidade

Somos igualmente bons em matar – e matamos com tanta eficácia que, com frequência, acabamos morrendo por causa das coisas que matamos. É o caso do Partido Comunista Chinês, que em 1958 ordenou a execução de todos os pardais do país. Eles culpavam os pássaros por comer os grãos de camponeses famintos. Só não perceberam que os pássaros também comiam insetos. Sem o controle populacional, as pragas artrópodes se proliferaram rapidamente, e comeram ainda mais grãos.

Ditaduras são ruins, mas as democracias não se ajudam. Prova disso é que Hitler, lembre-se, foi posto lá pelo povo.

Tom Phillips admite: “Olha, eu sei o que você está pensando. Colocar Hitler em um livro sobre os erros terríveis que nossa espécie cometeu não é a decisão mais revolucionária do mundo. (…) Ainda tendemos a pensar que a máquina nazista funcionava com eficiência extrema e que o grande ditador passava boa parte de seu tempo… bem, sendo ditatorial. Então, vale a pena lembrar que Hitler, na verdade, era um egomaníaco incompetente e preguiçoso, e que seu governo era uma completa palhaçada.”

Continua após a publicidade

Somos ruins em governar nossos próprios povos, mas ainda piores em interagir com outros povos. O primeiro encontro entre europeus e americanos se deu quando os vikings tropeçaram em nativos no local que hoje corresponde à ilha de Terra Nova, no Canadá. Eles viram dez indígenas dormindo sob suas canoas e… bem, consideraram que a melhor reação dentre todas as possíveis era matá-los em pleno sono. “Puta m*rda, pessoal”, comenta Tom Phillips.  

De fato, puta m*rda. Para todos aqueles que tiveram suas poupanças confiscadas nos anos 1990 – e agora precisam lidar com 53 emails não-lidos da Pfizer oferecendo vacinas contra a covid-19 pela metade do preço –, este livro é um consolo tragicômico: nada é tão ruim que não possa piorar, e a humanidade, quando parece ter aprendido com seus erros, dificilmente aprendeu de fato.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.