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O ator de computador

Ele já foi King Kong, Gollum, um primata em Planeta dos Macacos: A Origem e no fim deste ano será Capitão Haddock, o melhor amigo do herói de quadrinhos Tintim. Os papéis são diferentes, mas todos dependem da tecnologia para existir. Aos poucos, Andy Serkis está se transformando no maior ator de captura de movimentos de Hollywood - e dá as dicas para ser um bom personagem de faz-de-contas.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h05 - Publicado em 23 out 2011, 22h00

Mila Burns

Fazer um personagem criado pelo computador é diferente de interpretar um papel de carne e osso?

Nunca fiz distinção entre interpretar um papel convencional ou usar tecnologia de captura de performance [quando o ator veste roupas especiais e tem os movimentos reproduzidos por computadores]. No fim das contas, tudo é atuar. Quanto mais a tecnologia avança, mais evidente isso fica. Ainda há um medo com o desenvolvimento tecnológico, mas com o tempo o cinema vai entender que isso não altera a essência do trabalho.

Mas o que muda para o ator quando é usada a tecnologia de captura de performance?

É muito diferente, porque as atuações são capturadas durante a ação, ao vivo. Em Senhor dos Anéis, quando não existia essa técnica, a minha parte foi filmada em outro momento, eu nem encontrava os atores. Depois a cena era recriada com efeitos especiais. Em Planeta dos Macacos, eu estava lá, com o diretor, contracenando com os atores. Eu só era diferente porque usava uma roupa especial para a captura, um collant verde.

Você abriu uma empresa para produzir videogames de alta tecnologia. Isso influencia na escolha dos personagens?

Não é que eu escolha por causa da tecnologia, mas isso realmente me atrai. O que aconteceu em Planeta dos Macacos, O Senhor dos Anéis, Tintim e King Kong foi uma união entre tecnologia, roteiro e oportunidade de interpretar papéis que não dependem apenas da minha imagem, mas de outras formas de expressão. Todos os meus personagens, de certa forma, têm grandes questões emocionais.

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A convivência com os outros atores é importante?

Com certeza. Passei muito tempo com o James Franco, por exemplo. Ele acreditava no papel, mesmo me vendo de roupa verde em vez de ver um macaco [risos]. Franco deu mais energia a meu personagem. Não é fácil um ator mergulhar tanto nesse processo. Ao usar a tecnologia de captura de performance, é fundamental confiar na técnica.

Os primeiros filmes com efeitos especiais parecem piada se comparados aos atuais. Onde é que a tecnologia do cinema vai parar?

Eu sempre me pergunto como estaremos contando histórias daqui a 10, 20 anos. Qual será a interface entre nós e as histórias? Já dá para perceber que está ficando ultrapassado ir ao cinema e assistir a um telão. É óbvio que não vai ser assim. Imagino as pessoas na sala de sua casa se conectando pela internet a games imersivos. Vai chegar o dia em que você vai ver uma família inteira sentada vendo um filme 3D, que não é apenas cinema. É um game que parece um filme, provoca e entende as suas emoções, faz você chorar e rir, envolver-se com o personagem e, ao mesmo tempo, controlar o destino dele. Vai haver uma convergência muito grande entre o cinema e os games. E isso deve acontecer rápido, dentro de uma década.

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