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Os inventores do tênis?

Os irmãos Dassler se odiavam tanto que passaram a vida competindo. Resultado? Um criou a Adidas e o outro a Puma

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h54 - Publicado em 30 set 2008, 22h00

Texto Álvaro Oppermann

Era uma vez dois irmãos que moravam na cidadezinha de Herzogenaurach, na Alemanha. Adolf era introvertido e artesão nato. Rudolf era mais expansivo, com grande talento para vendas. Por serem tão diferentes, eles se odiavam. E também por causa disso não conseguiam se separar. Trabalhavam juntos, na fabriqueta Gebrüder Dassler Schuhfabrik, que em alemão significa “fábrica de sapatos dos irmãos Dassler”. E, dia após dia, brigavam.

Mas nos negócios a união da qualidade do trabalho de Adi (diminutivo de Adolf) e do tino comercial de Rudi (Rudolf) dava muito certo. Eles tinham criado um tênis mais leve e anatômico do que os modelos pesadões existentes até então no mercado, e essa invenção estava deixando a dupla rica, muito rica. Por isso, conseguiam se tolerar.

Foi assim até 1943, época do 3o Reich. Adolf era apolítico, filiado ao partido nazista por pura conveniência – Hitler incentivava o esporte na Alemanha, e isso fizera crescer as vendas de tênis. Já Rudi era um nazista fanático. Em 1943, a cidade de Herzogenaurach foi bombardeada pelos Aliados. Chegando ao abrigo antiaéreo, Adolf encontrou a família do irmão e comentou: “Os sujos bastardos voltaram”. A esposa de Rudi ouviu e achou que o comentário era endereçado a ela e ao marido. Não adiantou explicar a confusão: a relação entre os irmãos ruiu de vez.

Essa não é a única versão dos motivos da separação. Há quem diga que, com o fim da guerra, Adi teria entregado o irmão aos Aliados. Mas não há nada confirmado. Certeza mesmo é que, em 1948, Adolf Dassler aproveitou uma brecha legal para dissolver a parceria familiar e renomeou a Gebrüder Dassler Schuhfabrik para Adidas (contração de “Adi” e “Dassler”).

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Rudolf deu o troco. Criou outra fábrica de tênis – a “Ruda”, mais tarde rebatizada de Puma. A criação das marcas dividiu a cidade de Herzogenaurach, cortada por um rio. Em uma das margens ficava a fábrica da Adidas. Na outra, a da Puma. “O rio virou uma espécie de Muro de Berlim”, escreveu Barbara Smit, autora de uma biografia dos irmãos. O ASV Herzogenaurach, um dos times de futebol da cidade, passou a ser patrocinado pela Adidas. O 1 FC Herzogenaurach, pela Puma. Quem estivesse com peças Adidas não entrava nos bares freqüentados por fãs da Puma e casamentos “mistos” passaram a ser malvistos.

A competição entre Adi e Rudi era tão grande que, nos anos 70, eles não perceberam a aproximação de sua verdadeira inimiga: a americana Nike, que desbancou as duas marcas alemãs. Rudolf morreu em 1974. Adolf, em 1978. Os dois estão enterrados no cemitério de Herzogenaurach. Em lados opostos do terreno, claro.

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Grandes momentos

• Em 1936, durante a Olimpíada de Berlim, os Dassler ofereceram um par de tênis a um corredor chamado Jesse Owens. Ele ganhou 4 medalhas de ouro e a jogada dos irmãos inaugurou o marketing esportivo.

• Na Olimpíada de 1960, o corredor Armin Hary firmou contratos separados com a Adidas e a Puma. Foi a única vez que os irmãos concordaram em alguma coisa: Armin nunca mais foi patrocinado por eles.

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• Em 2004, Frank, neto de Rudolf (da Puma), assumiu um cargo na Adidas. “Muitos familiares meus consideraram isso uma traição”, disse Frank.

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