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Pesquisadores criam ferramenta com IA para restaurar obras de arte danificadas

Cientistas do MIT desenvolveram um método de restauração que constrói uma versão digital da pintura a óleo e corrige os danos causados pelo tempo.

Por Eduardo Lima
21 jun 2025, 10h00

Artistas do mundo todo já se envolveram em protestos virtuais ou presenciais contra o uso de inteligências artificiais generativas nas indústrias criativas, que ameaçam empregos e são e muitas vezes treinadas com conteúdo pirateado, como explica essa matéria da Super.

Agora, uma equipe de cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o MIT, encontrou uma funcionalidade para IAs que vários artistas podem aprovar: uma ferramenta para auxiliar a restauração de obras de arte danificadas pelos séculos em questão de horas.

É normal que pinturas a óleo mudem com os anos: rachaduras, manchas, pedaços de pigmento descascando e cores mudando fazem parte do processo de envelhecimento dos grandes quadros.

Restaurar uma obra de arte ao seu estado original pode levar anos para um conservador habilidoso, então o processo é geralmente reservado para obras mais valiosas. Quando o restaurador não é muito habilidoso, a pintura corre o risco de ficar que nem o Ecce Homo de Elías García Martínez, um afresco de Jesus que foi completamente desfigurado em 2012.

Com a técnica desenvolvida pelos pesquisadores do MIT, dá para criar uma reconstrução digital da pintura danificada, consertar os erros e imprimir esses restauros numa folha transparente que é posicionada sobre a pintura original.

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É diferente de uma restauração tradicional, onde todos os erros são corrigidos no pincel. O método foi descrito num estudo publicado na Nature.

Será que é restauração?

Para demonstrar a técnica desenvolvida pelos pesquisadores, o cientista Alex Kachkine restaurou um painel pintado a óleo atribuído ao Mestre da Adoração dos Magos do Prado, um pintor flamengo do fim do século 15 sem identidade conhecida.

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O painel é cheio de detalhes, dividido em quatro partes. Ele estava cheio de rachaduras finas e pequenos pedaços descascados. Os pesquisadores estimam que um restaurador teria levado cerca de 200 horas para apagar os traços dos séculos de degradação na pintura.

A pintura foi escaneada e digitalizada, e o software dos pesquisadores identificou 5612 pedaços que precisavam de algum reparo. Usando o Adobe Photoshop, eles adicionaram cor nas áreas descascadas.

A inteligência artificial ajudou a identificar padrões na própria pintura para replicá-los em outras áreas danificadas do painel. Um bebezinho que tinha perdido o rosto teve sua nova face copiada de outra pintura do mesmo artista. Dá para ver um pouco do antes e depois aqui:

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Fotografia do Close-ups de alguns dos resultados de mascaramento.
(Alex Kachkine, MIT/Reprodução)

A versão final, que foi impressa, usou 57.314 cores diferentes, identificadas pelo computador, para restaurar as áreas sem tinta. Eles imprimem uma máscara para a obra de arte em um polímero transparente, só com as áreas que deveriam ser preenchidas, e posicionam ela por cima da pintura. Dá para remover a folha sem prejuízo para a pintura original depois.

De acordo com o jornal britânico The Guardian, Kachkine tem esperança de que o método que ele ajudou a desenvolver possa incentivar galerias e museus a restaurar pinturas que não são valiosas o suficiente para passar por uma restauração tradicional.

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Mesmo assim, Kachkine reconhece que há algumas implicações éticas para a técnica que ele ajudou a desenvolver. Será que é legítimo chamar de restauração uma folha transparente por cima da pintura? E o rosto de bebê copiado de outra pintura, como lidar?

O pesquisador defende que o método poderia ser usado para pinturas que ficariam esquecidas no depósito, e não para as grandes obras dos museus.

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